Nesta sexta-feira, acontece o último dia do Décimo Terceiro Congresso GIFE, na capital cearense. Em uma das mesas, o debate sobre a sustentabilidade das organizações da sociedade civil (OSC’s) foi amplamente discutido a partir do papel central do apoio filantrópico. Assuntos como a queda de apoios internacionais e a importância do apoio filantrópico nacional foram os eixos centrais da discussão.
A atividade citada teve como ponto de partida o papel dos financiadores nos apoios e como eles devem se relacionar com as ações das OSC’s. De acordo com a proposta do painel, o debate sobre uma diretriz com liberdade seria possível meio a implementação da sustentabilidade institucional, viabilizado por recursos por fontes diversas – incluindo a filantropia e o investimento social privado –, e também, por aspectos culturais e conjunturais, como a burocracia na relação com o sistema financeiro e até a deslegitimação do trabalho delas por setores ultraconservadores na sociedade.
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A equipe da Alma Preta esteve presente na atividade e conferiu as exposições do painel. Entre elas, a do Articulador e gestor do HUB Peregum – A Casa dos Movimentos Negros em Brasília (2024-atual), Douglas Belchior, que foi contundente sobre o caminho que é preciso seguir: “Não queremos que a justiça desça do céu ou venha das mãos do opressor. “Queremos reinventar o mundo pelas nossas próprias mãos. Uma filantropia que liberta e não aprisiona é aquela que não dá, não doa, devolve!”
Um dos tipos de apoio que mais ilustram uma possibilidade de investimento que propõe mais liberdade para as organizações é o apoio institucional. Porém, a pesquisa do Censo GIFE 2022 – 2024, revela que “apesar da estratégia de realizar apoio institucional a organizações da sociedade civil (OSC) – quando o recurso doado é passível de ser alocado de forma livre pela donatária – ter crescido 13 pontos percentuais entre as edições de 2020 e 2022, ainda é o tipo de apoio menos praticado por investidores sociais.
Ainda em sua fala de conclusão, Douglas Belchior revela que os aportes pequenos promovem uma “guerra” dentro do próprio campo. “Esses financiamentos são ruins, pois incentivam uma lógica de sobrevivência”. Já com foco nas organizações negras, ele provocou a reflexão sobre a quem interessa a longevidade e as ações das organizações negras. Por fim, citou que é fundamental a filantropia enxergar o trabalho das OSC’s como centrais no papel de transformação social, com impactos diretos no campo e que não cabem em relatórios burocráticos.
Já do ponto de vista da Filantropia Internacional, participou do encontro a Anna Nascimento – , que levantou uma reflexão sobre o papel dos regrantes e o papel destes na flexibilização do recurso como alternativa para apoio para essas organizações. Além disso, ressaltou a importância de fundos voltados aos povos quilombolas e indígenas no processo de dinamização do processo de apoio.
Participaram da mesa também Fernando Nogueira – Diretor Executivo da Associação Brasileira de Captadores, Diane Pereira Sousa – e Laís de Figueirdo Lopes.