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Homicídios de indígenas têm aumento de 10% em 2023 no Brasil

Três pessoas indígenas da etnia Mayuruna caminhando ao lado do Rio Solimões, no estado do Amazonas.

Três pessoas indígenas da etnia Mayuruna caminhando ao lado do Rio Solimões, no estado do Amazonas.

— Michael Dantas / AFP

13 de maio de 2025

Em 2023, o país registrou um aumento de 10,7% no índice de homicídios de indígenas em comparação com o ano anterior. As informações são do Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na última segunda-feira (12).

Apesar da redução na taxa geral de homicídios, o documento indica uma porcentagem maior do que a nacional para os crimes cometidos contra povos originários.

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A publicação indica que cerca de 227 indígenas foram assassinados no período analisado, em comparação com os 205 casos registrados em 2022. Este é o segundo maior pico de homicídios contra indígenas na série histórica do estudo, iniciada em 2013.

De acordo com o relatório, o aumento nas taxas de homicídio foi observado em mais da metade dos estados analisados, com destaque para o Rio Grande do Sul (420,8%), Pernambuco (311,1%), Tocantins (177,1%), Espírito Santo (117,1%) e Distrito Federal (90,2%).

O Atlas ainda destaca um crescimento nas internações hospitalares decorrentes de agressão ou de intervenção legal: de 73 casos em 2013 para 205 casos em 2023. Em todo o período, foram observadas 1.114 internações.

Os projéteis de arma de fogo (PAFs) representaram 14,2% dos casos, o que, segundo a publicação, indica a presença de conflitos e violência armada nas Terras Indígenas (TIs). 

“O aumento do número de armas de fogo, sobretudo dentro das TIs, tem

sido vinculado à presença de garimpo ilegal ou, como se passou a denominar, do ‘narcogarimpo’. A predominância de instrumentos perfurantes e PAFs nas internações de indígenas sinaliza a necessidade de políticas específicas para combater a violência armada e promover a segurança nessas comunidades”, diz trecho do documento.

A etnia Guarani-Kaiowá foi a mais afetada pelas internações por agressões, totalizando 574 casos. O povo Kaingang foi o segundo mais impactado, com 142 casos. 

Para o Ipea, o contexto de violência contra o povo Guarani-Kaiowá é estimulado pelo avanço do agronegócio e pela piora nas condições de vida dos indígenas, com destaque para o estado do Mato Grosso do Sul.

“Como resultado, acompanha-se o aumento de conflitos armados e, consequentemente, agressões físicas diretamente relacionadas à defesa de direitos e retomada de territórios tradicionais”, aponta a publicação.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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