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Mortes por PMs crescem 165% após extinção das câmeras corporais em Santa Catarina, diz levantamento

Dados indicam que, desde que as câmeras corporais foram retiradas, o intervalo entre as mortes decorrentes de intervenções policiais diminuiu
Foto mostra duas viaturas da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC).

Foto mostra duas viaturas da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC).

— Reprodução / PMSC

15 de maio de 2025

Desde que o Comando-Geral da Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC) encerrou o programa de câmeras corporais da corporação em 16 de setembro de 2024, estima-se que o número de vítimas da violência policial em Florianópolis tenha crescido 165%.

Os dados são do levantamento realizado pelo Desterro – Observatório de Violência, jornal comunitário das comunidades da capital catarinense. O estudo aponta que a média de mortes saltou de nove para 20 mortes a cada dez dias. Antes da retirada dos equipamentos, o intervalo entre os óbitos era de 26,5 dias.

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O Desterro também denuncia que, das 20 mortes no período analisado, apenas 19 constam nos números oficiais do Poder Público. A vítima omitida seria um adolescente negro, morto pela PM após ser atingido por um tiro de fuzil na cabeça, no dia 25 de março. O jovem apresentava marcas de agressão no rosto.

A aquisição dos equipamentos, anunciada em julho de 2019, custou cerca de R$ 3 milhões aos cofres públicos. No último ano, como justificativa para a retirada, a corporação alegou que as câmeras corporais não haviam alcançado os objetivos esperados.

“Após análise dos pontos destacados pelo Órgão de Direção Setorial responsável pelo projeto, percebe-se que as câmeras, bem como todo o sistema envolvido, não alcançaram os objetivos esperados e, principalmente, que não há condições de manutenção adequada devido à obsolescência tecnológica para manter o projeto em pleno funcionamento”, diz nota da Polícia Militar, publicada à época.

O levantamento destaca que, apesar de não ser o único fator que impulsiona o aumento da letalidade policial, a retirada dos dispositivos influencia diretamente o índice de mortes em decorrência de operações da polícia.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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