A Ubu Editora lança, em parceria com a Supersônica, a obra “Custe o que custar”, coletânea de discursos, entrevistas e cartas do último ano de vida de Malcolm X. O livro chega ao público brasileiro com tradução de Rogério Galindo e versões inéditas de falas do líder afro-americano, complementadas por um audiolivro com seleção de textos na voz da artista Roberta Estrela D’Alva.
A publicação integra as atividades do centenário de nascimento de Malcolm X, comemorado em 2025. O livro estará disponível para compra a partir de 20 de maio.
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Um ano de ruptura, reinvenção e internacionalismo
Os textos reunidos em “Custe o que custar” foram proferidos em 1964, após a ruptura de Malcolm X com a Nação do Islã. Nesse período, ele fundou a Organização da Unidade Afro-Americana (OAAU) e adotou uma abordagem política de alcance global.
A coletânea documenta sua reorientação ideológica a partir de discursos em comícios no Harlem, fóruns universitários, encontros com militantes africanos e asiáticos e manifestações públicas sobre temas como anticolonialismo, autodefesa, solidariedade negra e instrumentalização da religião.
Entre os textos selecionados estão os discursos “Mensagem às bases”, “O voto ou a bala”, “A Revolução Negra”, “Custe o que custar” e “O medo da ‘gangue do ódio’ do Harlem”. A edição inclui também cartas enviadas da Arábia Saudita, Nigéria e Gana, nas quais Malcolm relatava suas impressões sobre os processos de descolonização e as lutas por soberania no continente africano.
Malcolm X: trajetória e legado
Nascido Malcolm Little em 1925, nos Estados Unidos, teve a infância marcada pela militância dos pais e pela perseguição de supremacistas brancos. Abandonou os estudos após episódios de racismo e foi preso por roubo em 1946. Na prisão, aderiu à Nação do Islã e, ao sair, tornou-se seu principal porta-voz. Rejeitou o sobrenome herdado da escravidão e passou a assinar como “X”.
Sua oratória o projetou nacionalmente, tornando-se alvo de vigilância constante do FBI. Em 1964, após o rompimento com a organização liderada por Elijah Muhammad, fundou a Muslim Mosque, Inc., peregrinou a Meca e adotou uma nova postura, que passou a incluir o diálogo inter-racial e a solidariedade internacional.
Foi assassinado em fevereiro de 1965, aos 39 anos, pouco após um atentado à sua casa. Mais de 1.500 pessoas compareceram ao seu velório. Na mesma semana, sua esposa, Betty Shabazz, deu à luz gêmeas. Ele deixou seis filhas.