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Racismo é o principal fator de discriminação no Brasil, indica pesquisa

A publicação destaca que as mulheres negras são as principais afetadas pelos casos de discriminação no país
Protesto de jovens contra o racismo no bairro Higienópolis, em São Paulo, no dia 23 de abril de 2025.

Protesto de jovens contra o racismo no bairro Higienópolis, em São Paulo, no dia 23 de abril de 2025.

— Letycia Bond/Agência Brasil

20 de maio de 2025

Um levantamento inédito, divulgado nesta terça-feira (20), aponta o racismo como a principal causa de discriminação no Brasil. As maiores vítimas são as mulheres negras. 

Realizada pela ONG Umane, a nova edição da pesquisa “Mais dados, Mais Saúde” ouviu cerca de 2,4 mil brasileiros sobre suas experiências individuais de discriminação em diferentes situações. O estudo contou com a parceria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), do Instituto Devive e do Ministério da Igualdade Racial (MIR).

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As informações extraídas das respostas dos participantes foram aplicadas na Escala de Discriminação Cotidiana, metodologia de pesquisa utilizada para medir experiências frequentes e rotineiras de discriminação que as pessoas enfrentam.

De acordo com a pesquisa, cerca de 84% dos entrevistados autodeclarados como negros relataram já ter sofrido discriminação racial. Mais da metade das pessoas pretas também vivenciaram tratamentos menos gentis (51,2%) ou respeitosos (49,5%) e atendimentos piores em estabelecimentos (57%).

Para os respondentes autodeclarados como pardos, os percentuais foram 44,9% para tratamentos menos gentis, 32,1% para abordagens menos respeitosas e 28,6% para piores atendimentos. Brancos atingiram o percentual de 13,9% para tratamentos menos gentis, 9,7% para menos respeitosos e 7,7% para maus atendimentos no comércio.

Cerca de 16,8% dos pretos e 20,2% dos pardos responderam que as pessoas agem como se tivessem medo deles, enquanto apenas 5,1% dos brancos relataram a situação. Em relação ao comércio, 21,3% dos pretos afirmaram ser seguidos em lojas. Brancos e pardos atingiram o mesmo percentual para essa discriminação, de 8,5%.

“Os resultados da pesquisa confirmam o racismo como um fator predominante de discriminação no país, impactando diretamente a vida da população preta e parda, especialmente mulheres pretas, que enfrentam uma sobreposição de discriminações por raça e gênero”, diz trecho do estudo.

As mulheres negras representaram o grupo que mais reportou duas ou mais razões para ocorrências de discriminação, com um percentual de 72%. Homens negros somaram 62,1% desta categoria. 

Janaína Calu, consultora em equidade racial e saúde da Vital Strategies, organização global de saúde que contribuiu para a pesquisa, ressalta que a abordagem interseccional é crucial para compreender a complexidade das dinâmicas de discriminação, a partir de cada indivíduo.

“É fundamental que também seja considerado o fato de que os indivíduos frequentemente ocupam mais de uma posição socialmente desfavorecida e que essas podem interagir para moldar suas experiências. Por isso, a abordagem da interseccionalidade se faz central no processo de compreensão das dinâmicas de discriminação”, aponta Calu, em trecho da publicação.

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  • Verônica Serpa

    Graduanda de Jornalismo pela UNESP e caiçara do litoral norte de SP. Acredito na comunicação como forma de emancipação para populações tradicionais e marginalizadas. Apaixonada por fotografia, gastronomia e hip-hop.

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