A cidade de Bambo, no território do Rutshuru, na parte leste da República Democrática do Congo (RDC), tem sido palco de confronto entre o M23, milícia acusada de ter apoio do governo de Ruanda, e o exército congolês e os Wazalendos, grupo paramilitar de apoio à RDC, desde o dia 15 de maio.
Os combates com armas pesadas têm feito as pessoas da cidade se refugiarem em hospitais do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A organização condenou o uso dos equipamentos militares em regiões com muitas pessoas.
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O M23 segue a sua ofensiva na região com a conquista de territórios desde a semana passada, com o domínio da cidade de Kishishe e a vantagem militar em Bambo, Kalembe, Masisi, Kalonge e Mpety, todos municípios da parte leste do país.

A guerra ganhou mais força desde 27 de janeiro de 2025, quando o M23 tomou controle da cidade de Goma, a capital do Kivu do Norte. As denúncias são de que a invasão contou com o apoio do exército de Ruanda.
O conflito na região Leste do país é explicado por uma série de motivos. As disputas naquela fronteira ainda são um reflexo do genocídio de Ruanda em 1994, quando cerca de 800 mil pessoas foram assassinadas, uma maioria da etnia Tutsi. O M23 é uma milícia composta por pessoas da etnia Tutsi, que afirmam lutar contra os algozes Hutus no país vizinho.
O principal motivo, contudo, é a busca pelos minérios da República Democrática do Congo, abundantes naquela região. Diversos minérios, como o coltan e o cobalto, são fundamentais para empresas de tecnologia, para produção de celular, e para a chamada transição energética, para a fabricação de carros elétricos.
Mediação de paz
Os confrontos na parte leste da RDC ocorrem em meio às negociações de paz para a tentativa da construção de um acordo de cessar-fogo.
No dia 26 de abril, representantes dos governos da RDC e de Ruanda assinaram um documento de princípios e intenções para se chegar à paz na região. A assinatura aconteceu em Washington, capital dos EUA, e o diálogo foi conduzida por Marco Rubio, Secretário de Estado dos EUA.
Massad Boulos, conselheiro sênior para a África dos EUA, anunciou no dia 15 de maio nas redes sociais que a assinatura de um acordo de paz entre as duas nações africanas está mais perto.
“Esta semana, tive discussões construtivas com os presidentes Tshisekedi e Kagame enquanto trabalhamos para abrir caminho para a paz”, escreveu no X. Ele afirmou ter apresentado um primeiro rascunho para os dois países e pretende conversar para resolver possíveis divergências.

Os Estados Unidos não são os únicos a participar da mediação da guerra. O Catar é um outro país que intermedia o conflito e a própria União Africana, representada pelo presidente do Togo, Faure Gnassingbé.
Uma reunião no dia 17 de maio, no Togo, reuniu líderes africanos para reaproximar Kinshasa e Kigali. Diversos antigos presidentes de países africanos participaram da reunião para contribuir com a intermediação.
Retirada de tropas
A Monusco, missão de paz da ONU para a RDC, a Cruz Vermelha e o governo do país finalizaram a retirada de 1359 soldados da região de Goma, capital da província do Norte Kivu, no leste do país, para a capital Kinshasa.
A operação, iniciada em 30 de abril, faz parte dos esforços para diminuir as tensões na região, em meio às discussões para um acordo de paz.
Os militares foram transportados com seus familiares para Kinshasa por avião, helicóptero e comboios de caminhões.