“A Expo Internacional Dia da Consciência Negra, que teve sua primeira edição realizada no último final de semana no Anhembi, não tem relação organizativa, de curadoria, ou qualquer outra com o Festival Feira Preta”. Esse foi o posicionamento oficial da idealizadora do evento e CEO da Pretahub, Adriana Barbosa, sobre a mostra organizada pela prefeitura de São Paulo.
Na nota, divulgada no Instagram, Adriana ressalta que a Feira Preta existe há 20 anos, “construindo um futuro preto, nutrindo e potencializando o empreendedorismo preto nas mais diferentes áreas: das artes à gastronomia, do feito à mão ao ultra tecnológico”.
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Com curadoria de Adriana Vasconcellos, assessora especial da Secretaria Municipal de Relações Internacionais, A Expo Internacional Dia da Consciência Negra foi realizada entre 20 e 22 de novembro. Elementos do carnaval, shows, expositores e debates sobre cultura, história e tecnologia foram os destaques da programação. O evento reuniu mais de 12 mil pessoas no Anhembi.
Segundo Adriana Barbosa, cerca de 300 mil pessoas já estiveram reunidas nos eventos presenciais e mais de 2 milhões nos eventos online da Feira Preta, dando oportunidade de visibilidade para 300 empreendedores, artistas e intelectuais de diferentes países.
“As propostas podem, claro, ser entendidas como complementares, mas são diferentes. A Feira Preta tem em seus eventos anuais um encontro de tudo o que é realizado e construído ao longo de todo o ano junto a uma rede de criatividade e empreendedorismo negro em todo o país”, pondera.
“Recebemos sempre com entusiasmo todo e qualquer evento que tenha por objetivo promover a cultura negra e estabelecer diálogos necessários para avançarmos nas pautas raciais e entendemos que o Festival Feira Preta não apenas faz parte dessa história, mas também tem inspirado os caminhos e a criatividade de muitas pessoas que criaram eventos que somam nesse ecossistema todo”, finaliza Adriana Barbosa.
Repercussão
Em entrevista à Alma Preta Jornalismo, a idealizadora e curadora da Expo Internacional Dia da Consciência Negra, Adriana Vasconcellos, afirmou que o objetivo do evento em momento algum foi competir com a Feira Preta ou descredibilizar a trajetória de trabalho de Adriana Barbosa.
“Nós temos que respeitar quem veio antes de nós, e queríamos parabenizar os 20 anos de história da Feira Preta. No entanto, o nosso evento foi totalmente pautado na educação, já que eu sou professora, e sobre a Lei 10.639, uma história que não foi contada dentro das escolas sobre cultura afro-brasileira e africana”, diz Adriana.
A educadora explica ainda que o intuito da Expo foi trazer esse debate educacional à tona. “Somos o povo da ancestralidade, que olha para trás para pensar no futuro”. Ela ainda destaca que a organização entrou em contato com Adriana Barbosa, da Feira Preta, a fim de convidá-la para compor o evento, mas que ela não pôde comparecer.
“Temos muito respeito por ela [Adriana Barbosa], pois ela vem desbravando esse universo do empreendedorismo, mas o nosso evento foi pautado totalmente na educação, por mais que houvesse ali empreendedores”, ressalta.
“A Expo segue no olhar da educação. O nosso objetivo é educar, sensibilizar e transformar. Trazer todo mundo para luta antirracista, jamais competir ou deslegitimar outros eventos. A Expo faz parte de uma política pública, que é fazer de São Paulo o farol de combate ao racismo estrutural”, finaliza Adriana Vasconcellos.
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