“Depois de ser diagnosticada com câncer de mama e assinar o contrato do imóvel da clínica sem saber como seria meu tratamento de quimioterapia, tive que criar uma nova rotina de trabalho”. É assim que começa o sonho da afroempreendedora do ramo da estética Zarah Flor, mulher de origem periférica, que atualmente tem duas clínicas voltadas para o público negro – uma em São Paulo e outra no Rio de Janeiro.
Com serviços a preços populares e, como ela mesmo diz, “atendimento humanizado e acolhedor, que busca as melhores maneiras de trazer e incentivar a população negra a se cuidar”, a afroempreendedora conta hoje com quatro funcionários e ressalta a importância da valorização de profissionais que compreendam saibam o que é discriminação.
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Zarah Flor afirma que sempre foi muito difícil achar materiais de estudo com essa especificidade, portanto, para ela é uma vitória poder atender a população negra e compreender quais são as demandas estéticas desse público.
“Tínhamos que fazer testes em nós, amigos e familiares, até encontrar um protocolo adequado para nossa pele preta. Hoje, já se encontra profissionais falando e ministrando cursos sobre pele negra, porque entenderam que nós, negros, somos os maiores consumidores. A mídia está cada vez mais incluindo pessoas negras nas suas campanhas publicitárias também”, ressalta a afroempreendedora.
Desafios
Zarah Flor, que trabalha desde muito jovem, relembra que, ao se colocar no mercado de trabalho enquanto profissional da estética, se viu rodeada de preconceito e muitas dificuldades. Ela conta que ia às entrevistas de emprego e se subjugada e colocada como a última opção para vagas.
Finalmente, quando conseguiu um trabalho, a afroempreendedora se recorda que as clientes se negavam a ser atendidas por ela. No entanto, Zarah passou a perceber que as mulheres negras que buscavam os serviços sofriam a mesma coisa: esteticistas brancas se recusavam a atendê-las e faziam pouco caso de sua presença ali. Foi quando ela se atentou a uma oportunidade de empreender.
“Eu queria fazer a diferença, trazer algo novo para essas mulheres, ter a chance de elas perceberem o quanto elas são bonitas e podem ficar ainda mais, pois as pretas são, sim, uma beleza única e especial e temos muito potencial não apenas na vida, mas no empreendedorismo”, pondera a afroempreendedora.
Sonhos e futuro
“Quando você passa por um processo de cura, é possível ver como a vida é tão bela e temos que viver intensamente nossos sonhos, correr atrás dos nossos objetivos e agradecer por estar viva”, diz Zarah Flor. Para o futuro, a afroempreendedora planeja abrir um local maior, não somente voltado para a estética, mas de valorização e educação da saúde da população negra.
Zarah acredita que “ter a presença de profissionais negros no mercado da beleza é mais uma das nossas conquistas e mostra que estamos ganhando cada vez mais espaço. Atender a população negra é mais um passo para entender cada cliente e as particularidades de cada pele negra”.
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