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Sem reconhecer trabalhos antirracistas, Prêmio Vladimir Herzog faz homenagem a Abdias do Nascimento

Premiação de jornalismo, que será realizada no próximo dia 25, selecionou 19 finalistas que não se relacionam à luta contra o racismo; comissão de jornalistas negros, que existe há 20 anos no sindicato de São Paulo, critica a falta de espaço 

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Cojira

comissão Cojira critica prêmio sem matérias sobre racismo

22 de outubro de 2021

O intelectual Abdias Nascimento e a jornalista Neusa Maria serão homenageados na entrega da 43ª edição do Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, com cerimônia virtual marcada para o dia 25 de outubro. Apesar das homenagens a essas personalidades negras, entre os trabalhos finalistas e os premiados, no entanto, não há nada relacionado ao combate ao racismo. O prêmio Vladimir Herzog é dividido em sete categorias com temáticas livres e recebeu, segundo a organização, 700 inscrições.

“Os prêmios de jornalismo refletem o embraquecimento do jornalismo e da sociedade. É uma maioria branca que compõe as redações e o júri do prêmio. Isso faz com que toda a lógica do que é considerado relevante tenha essa premissa. Infelizmente, a pauta racial ainda é uma parte pouco significativa e destacada da cobertura. A maneira como a imprensa e os prêmios enxergam essa cobertura é reflexo do racismo estrutural”, pontua Guilherme Soares Dias, da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial de São Paulo (Cojira-SP). Criada há mais de 20 anos, a organização luta pela diversidade racial nas redações.

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Entre as categorias Arte, Fotografia, Produção jornalística em texto, Produção jornalística em vídeo, Produção jornalística em áudio, Produção jornalística em multimídia e Livro-reportagem, 19 trabalhos foram selecionados como finalistas. 

.Já para o jornalista Matheus Moreira, da Folha de S.Paulo, criador do prêmio de jornalismo Neusa Maria, em outubro de  2020, o Vladimir Herzog é um prêmio importante, porém, deveria usar critérios ativos para buscar diversidade.

“Premiar trabalhos com temáticas ligadas a essas minorias é importante, mas mais do que isso, é importante premiar os jornalistas que integram essas minorias para que cada vez mais possam estar nas redações, para que sirvam de inspiração para os jovens que sonham com o jornalismo mas não veem seus rostos, cores, cabelos e gênero nos grandes telejornais ou nos debates de jornalismo aos quais assistem. A verdadeira busca pela diversidade é ativa”, defente Moreira, que ainda aponta que outra questão que poderia ser revista para ampliar a diversidade do prêmio é a exigência do MTb (registro profissional).

A Alma Preta Jornalismo entrou em contato com a assistente da curadora do Prêmio Vladimir Herzog com perguntas sobre a falta de representatividade entre os selecionados. Porém, até a conclusão da reportagem, não foi enviada uma resposta.

“As editorias de diversidade não abrangem, verdadeiramente, todo o veículo a qual pertencem, nem toda a cobertura. Mas há matérias fantásticas produzidas no último ano, como o Índice de Equidade Racial, feito pela Folha. A imprensa negra faz uma cobertura vasta e profunda sobre os temas raciais e também segue ignorada pelos prêmios. Nós, da Cojira, vemos que ainda não avançamos nesse tema”, afirma Dias.

A comissão organizadora do Prêmio Vladimir Herzog é formada por instituições como a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), a ECA/USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), OAB-SP (Ordem dos Advogados), a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) , o próprio Instituto Vladimir Herzog, entre outros.

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