A Polícia Civil procura pistas dos ocupantes de uma HB20 que atiram no escritor e jornalista negro Leuvis Manuel Olivero, 38 anos, por volta das 19h de 10 de outubro no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. A vítima foi atingida diversas vezes e morreu. Os atiradores fugiram.
Passados 10 dias, a Polícia Civil não divulgou nenhuma informação sobre o caso e não foi feita nenhuma postagem nas redes sociais do Disque-Denúncia para pedir que testemunhas do crime colaborem com informações. Leuvis foi morto na rua Baltazar Lisboa.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
“Essa falta de movimentação tantos dias após o crime dão uma tristeza muito grande”, afirma o advogado DJeff Amadeus, coordenador do IDPN (Instituto de Defesa da População Negra), em entrevista à Alma Preta Jornalismo.
Leuvis publicou livros sobre Marielle Franco e Bolsonaro
O escritor lançou em 2020 o livro “Memória Viva” sobre a vida de Marielle Franco, assassinada em 2018. A vereadora tinha a mesma idade de Leuvis, 38 anos, quando foi executada a tiros, junto com o motorista Anderson Gomes, no bairro do Estácio, no centro do Rio.
Com cidadania americana, Leuvis Olivero nasceu na República Dominicana, no Caribe, e morava há cerca de 10 anos no Brasil. O escritor lançou outros 10 livros ao longo de sua trajetória, entre eles “Enquanto o Ódio Governava, a Rua Falava” sobre pixações e grafites nas ruas do Rio de Janeiro e contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
“Este livro é uma extensão da exploração contínua do projeto Aerosol Carioca das culturas de graffiti e vandalismo carioca. Sua intenção é clara: servir de voz e de resistência visual à violência e ao ódio que o Brasil vive hoje”, diz um trecho do texto de apresentação da obra, que foi lançada, em novembro de 2020, pela editora Câmara Brasileira do Livro.
O jornalista frequentava a cena do grafite e das intervenções urbanas. Em abril deste ano, Leuvis lançou também de forma independente o livro “3.085 dias e contagem”, onde registrou as notas diárias que fez sobre os primeiros nove anos de vida da filha Sophia, que agora ficou órfã por parte de pai.
Leia também: Justiça aceita denúncia contra dois policiais envolvidos na chacina de Jacarezinho