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Soluções sustentáveis para cuidar da natureza e reduzir desigualdades

Conheça quatro técnicas que contribuem para a resolução de desafios sociais, econômicos e ambientais

Texto: Fernanda Rosário | Edição: Nataly Simões | Imagem: Arquivo pessoal de Fabiano de Lima Silva

Imagem mostra indígena em meio à floresta.

Imagem mostra indígena em meio à floresta.

21 de outubro de 2021

O mais recente Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas não deixou dúvidas sobre a necessidade de buscar alternativas para limitar o aquecimento global. Há uma demanda de países por formas mais sustentáveis de viver no planeta e, nesse contexto, tecnologias ancestrais de cuidado com a terra e soluções baseadas na redução de desigualdades podem oferecer indicativos de caminhos a se seguir.

O sistema agrícola tradicional quilombola do Vale do Ribeira, em São Paulo, é um exemplo de um conjunto de saberes aplicados no cultivo de alimentos, de forma respeitosa para a natureza e para a integridade cultural das comunidades rurais que ali vivem.

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Segundo Vanessa França, da Comunidade Quilombo São Pedro, em Eldorado, no interior do estado, o meio ambiente é favorecido, porque no sistema não se utiliza agrotóxicos e a comunidade é beneficiada ao garantir sua soberania alimentar, de maneira que não se torna dependente de nenhuma indústria, já que encontra tudo dentro do próprio território.

“A gente sabe a procedência dos nossos alimentos. A gente sabe que, trabalhando dessa maneira, não colocando veneno na nossa alimentação, vamos ter um alimento mais saudável para colocar nas nossas mesas”, explica Vanessa.

O Vale do Ribeira é o maior remanescente de Mata Atlântica contínua em território nacional e também possui a maior concentração do estado de São Paulo de comunidades quilombolas, que há mais de 300 anos vivem e manejam a floresta, garantindo sua sobrevivência e preservando a mata. O sistema agrícola tradicional, utilizado pelas comunidades, foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2018.

Vanessa enfatiza que as roças ajudam no fortalecimento e permanência das famílias no território quilombola, inclusive financeiramente, já que os alimentos excedentes das plantações são vendidos.

“Estar no território e fazer roça é saber que eu não vou viver em condições de vulnerabilidade. A gente pode até não ter, às vezes, o arroz, mas eu sei que eu tenho um feijão, eu sei que eu tenho uma mandioca e assim nós vamos vivendo dentro do território e lutando pela nosso bem-estar e permanência de continuar fazendo aquilo que os nossos mais velhos ensinaram”, completa a quilombola.

Imagem mostra duas mulheres quilombolas trabalhando na roça. Foto ilustra matéria sobre soluções sustentáveis. | Foto: Arquivo pessoal/Letícia Ester de FrançaMulheres quilombolas trabalham na roça, no Vale do Ribeira, interior de SP | Créditos: Arquivo Pessoal/Letícia Ester de França

Confira quatro soluções sustentáveis para contribuir com a natureza e reduzir desigualdades:

1.Sistema agrícola tradicional quilombola do Vale do Ribeira, SP

Técnica de plantio que utiliza a roça de coivara, conhecimento herdado de povos indígenas que habitaram a região e é repassado de geração em geração. O sistema consiste em cortar um pedaço da mata, queimar apenas a área derrubada, utilizar a terra por, no máximo, 5 anos e, depois desse período, buscar um novo local para cultivar, deixando a natureza se regenerar. Assim, os espaços de plantio dentro do território são trabalhados em forma de rodízio.

Tudo é feito sem agrotóxicos e segue um cronograma da natureza. As épocas de plantio de sementes, por exemplo, só ocorrem na lua minguante. A época ideal para a abertura e queima da área é quando o clima está seco, em meados de julho.

“Por causa de todos esses processos que a gente faz, respeitando a lua, as formas de trabalhar a natureza e de se plantar, é que damos o nome de sistema agrícola. É todo um sistema que a gente utiliza para que possamos fazer os nossos trabalhos dentro do território”, explica Vanessa.

2. Agrofloresta

O sistema agroflorestal faz parte da agroecologia, ciência que fornece instrumentos para uma produção agrícola com respeito ao ecossistema. No sistema agroflorestal, o cultivo agrícola é feito em consórcio com a floresta. Ou seja, o plantio de alimentos para consumo e comercialização é combinado com o plantio e existência de árvores e arbustos, o que é importante para a recuperação de áreas que foram desmatadas.

Nesse processo, em vez de retirar toda a vegetação de uma área e plantar somente um tipo de cultura em uma grande extensão, como acontece nas monoculturas de exportação, procura-se contribuir e atuar em conjunto com a floresta nativa. Não é utilizado agrotóxicos e o adubo é feito de forma natural.

Segundo o líder indígena Fabiano de Lima Silva (Awa Mintan), da Aldeia Renascer (Ywyty Guaçu), em Ubatuba, litoral de São Paulo, o sistema agroflorestal é uma forma de produzir alimentos ao mesmo tempo em que se conserva e recupera a natureza.

“Nós começamos a morar em um local totalmente degradado, hoje já estamos no meio da floresta. Reconstruímos este local e, hoje, somos a maior agrofloresta em território indígena do estado de São Paulo, onde pássaros e animais voltaram a frequentar a área. Queríamos muito que o ser humano tivesse a consciência que faz parte da natureza e que deve se relacionar com ela de uma forma harmoniosa”, comenta o líder indígena da aldeia, que fez a retomada de seu território há 22 anos.

3. Biodigestores na produção de gás de cozinha

Existem famílias no Brasil que já utilizam biodigestores para a produção de gás por meio do esterco de animais que criam em suas propriedades. O biodigestor é um equipamento utilizado para acelerar a decomposição de matéria orgânica, como as fezes dos animais, por meio da ausência de oxigênio e presença de bactérias. O produto final desse processo é o biogás, que pode ser utilizado em fogões de cozinha.

Além disso, o biodigestor tem um reservatório de descarte de esterco que pode ser usado para adubar plantações. Esse equipamento pode ser encontrado nos valores de R$1.600 a R$2.900, mas existem casos de parcerias entre ONGs brasileiras e bancos no país que construíram o equipamento e doaram a famílias de comunidades rurais.

A solução é importante na medida em que contribui com a autonomia das famílias, com a redução de despesas com botijões de gás, além de ser um processo menos poluente para o meio ambiente, já que o gás metano, um dos mais poluentes, que seria liberado com o esterco de animais como gados, é queimado no fogão e se transforma em gás carbônico, que é menos poluente que o metano.

4. Tinta feita com isopor

Outra solução desenvolvida por duas estudantes de Engenharia Química da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, é transformar o isopor em uma tinta com o mesmo desempenho de outras do mercado e aplicável ao setor moveleiro e à construção civil.

A tinta desenvolvida por Gabriela Schneider e Paula Schwade também utiliza solvente natural, extraído da casca de frutas cítricas, resíduo biodegradável e que não agride o meio ambiente ou a saúde das pessoas, como os solventes comuns utilizados em indústrias. Com a iniciativa, foi possível desenvolver duas patentes, uma de formulação e outra sobre o processo produtivo, o que possibilita o rumo do produto ao mercado.

Além de contribuir com a redução do acúmulo de lixo, a ideia pode abrir caminho para uma coleta seletiva que olhe com mais atenção um material que, atualmente, é muito utilizado e descartado, mas de difícil reciclagem.

Leia também: Pedalada climática e metas insuficientes marcam posicionamento do Brasil em torno da crise ambiental

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