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Polícia começa a ouvir testemunhas do atropelamento de manifestante no Recife

Com inquérito instaurado na manhã do último domingo (3), até o início da tarde desta segunda-feira, pelo menos 8 pessoas prestaram depoimentos; vítima está em observação no hospital 

Texto: Victor Lacerda I Edição: Lenne Ferreira I Imagem: Reprodução/Twitter

Polícia Civil de PE começa a ouvir testemunhas que presenciaram atropelamento de manifestante

4 de outubro de 2021

A Polícia Civil de Pernambuco deu início às investigações sobre o caso da manifestante atropelada e arrastada durante ato em Recife, contra o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no último sábado (2). Com inquérito aberto na manhã do último domingo (3), a corporação, até o início da tarde desta segunda-feira, já ouviu oito testemunhas que estavam presentes e garantem que o motorista acelerou o carro para cima da vítima, uma advogada de 28 anos.  

O caso é investigado no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) sob o comando do delegado Elielton Xavier. Uma assistência de acusação, formada pelas advogadas Priscilla Rocha e Tereza Mansi, também acompanha a vítima depois do episódio. Em coletiva realizada em frente à sede do departamento, Priscilla declarou que versões das testemunhas condizem e reiteram que o motorista não deu chances para que a vítima pudesse sair da frente do veículo, a arrastando por cerca de 50 metros. 

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O acusado – que não prestou socorro após o atropelamento – já foi identificado como Luciano Matias Soares, de 38 anos, e atua como administrador. Dois fatos curiosos descobertos pela imprensa local neste final de semana é que o responsável já foi candidato a vereador em 2012 pelo Partido Social Cristão (PSC) e possui um acúmulo de R$1.500,00 em multas por negligências no trânsito e cerca de 40 pontos na carteira.

Curiosamente, o administrador, após o ocorrido, foi à Central de Plantões da Capital, no bairro de Campo Grande, no Recife, para abrir um boletim de ocorrência sobre depredação ao seu veículo, identificado como um Jeep, do modelo Renegade e da cor preta. Para a polícia, Luciano afirmou que se sentiu coagido na presença de manifestantes, que teriam ido para cima do seu veículo. 

Leia também: Manifestante é atropelada e arrastada durante ato em Recife

À imprensa, a assistência de acusação revelou que o quadro da advogada é estável, mas que ainda não há uma previsão de alta. A vítima está sob os cuidados de uma equipe médica do Real Hospital Português, onde passou por cirurgia no tornozelo, local que se encontrava com uma fratura exposta e precisou colocar dez pinos. A advogada ainda apresentou um ferimento  na parte posterior da cabeça e teria tido três convulsões. 

Em publicação via rede social, a vereadora Dani Portela (PSOL-PE)  lamentou o ocorrido e pediu por apuração rigorosa do fato, que, de acordo com a parlamentar, fere o direito à livre manifestação.

A OAB-PE afirmou à imprensa que vai acompanhar o caso e deve cobrar providências jurídicas junto à Secretaria de Defesa Social (SDS-PE). No dia do ato, a vítima estava integrando a Comissão de Direitos Humanos da Ordem. 

Sobre o ocorrido

O episódio aconteceu por volta das 12h30, na Avenida Martins de Barros, no bairro Santo Antônio, região central do Recife, durante o fim do último ato “Fora, Bolsonaro”.. Segundo relatos, o motorista estava armado e não respeitou o bloqueio feito pelos manifestantes e atropelou a manifestante propositalmente. A placa do carro chegou a ser anotada por quem presenciou o ocorrido. Segundo testemunhas, o carro foi jogado na direção da vítima e o motorista ainda sacou uma arma para ameaçar quem estava presente. A manifestante atingida foi socorrida por médicos de plantão e levada por uma ambulância do SAMU. 

Leia também: “O que dói mais é saber que isso foi fruto da brutalidade”, diz homem que perdeu a visão no Recife

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