“Vacina, pão, saúde e educação”, esse foi um dos gritos que levou manifestantes, frentes sindicais e movimentos sociais às ruas de Salvador, na Bahia, para o protesto Fora Bolsonaro nesta terça-feira (7), data que marca o Dia da Independência do Brasil. Faixas e cartazes pediam o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em meio ao descaso e as denúncias de corrupção do governo na pandemia, além das ameaças antidemocráticas, como o pedido de fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intimidações a ministros da Corte.
Lideranças indígenas também protestaram em defesa da proteção das terras dos povos originários e contra a votação do Marco Temporal, em discussão no STF, que estabelece que a reivindicação das demarcações de terras só podem ser feitas antes da data da promulgação da Constituição de 1988.
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“Nós somos contra a lei que ataca os povos indígenas, contra o desmatamento da Amazônia, contra a demarcação do nosso território. Faço um pedido que não destruam a nossa natureza”, exclamou Jacarandá, líder indígena do povo Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia, território que tem sido alvo recorrente de ameaças e ataques de empresários ligados à especulação imobiliária.
Carregando uma faixa com a frase “Fora Bolsonaro”, o coordenador do Coletivo de Entidades Negras (Conen), Gilberto Leal, relembrou a importante atuação da comunidade negra na independência da Bahia e do Brasil e pediu uma reflexão da população diante do atual governo.
“É um ato de cidadania, mas é um momento de reflexão da população negra entender que não pode entrar um outro golpe bolsonarista. Estamos lutando para que a maioria desse país seja respeitada”, disse Leal.
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“A morte como projeto”
Lideranças políticas também se uniram às vozes do “Grito dos Excluídos e Excluídas”, conjunto de manifestações que denuncia os mecanismos de exclusão social e propõe alternativas para discussões inclusivas.
Defensora dos direitos da população negra, a deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) classificou o protesto como a “afirmação da democracia” e fez críticas às recentes denúncias de medicamentos e insumos médicos, como vacinas e testes da Covid-19, que passaram da validade na gestão Bolsonaro.
“É um governo que tem a morte como projeto. Nós não podemos nem dizer que é um governo incopetente porque ele é muito competente naquilo que ele se propõe a fazer: um projeto de destruição, principalmente, dos mais pobres”, pontuou a deputada.
Também pelo grito dos excluídos, padres franciscanos se manifestaram com imagens de líderes pacifistas e pediram pela paz mundial. “Esse grito é para dar vez e voz àqueles que não tem vez e voz. Nesse dia, que é o dia da pátria, nós lembramos dos esquecidos da pátria. Particularmente nesse ano – além de todos os excluídos da sociedade civil, os negros, a comunidade LGBT, os indígenas e com a população brasileira que sofre com o atual desgoverno – o excluído em todo o mundo também é a paz. O grito dos excluídos também é o grito da paz, é uma luta pacífica pela paz”, ponderou o Frei cearense Mateus Antony, da Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil.
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