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Primeira vereadora negra de Paulista (PE) sofre tentativa de cassação de mandato

A líder política Flávia Hellen, eleita em 2020, recebeu intimação de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral por conta de uma suposta fraude à cota de gênero 

Texto: Victor Lacerda I Edição: Lenne Ferreira I Imagem: Reprodução/Instagram

Primeira vereadora negra de Paulista (PE) sofre tentativa de cassação de mandato

27 de agosto de 2021

Na mesma semana em que a Alma Preta Jornalismo publica uma entrevista exclusiva com a primeira vereadora negra da cidade de Paulista (PE), Flávia Hellen, a líder política expõe, em suas redes sociais, uma tentativa de cassação imeditada  de seu mandato. Flávia recebeu uma intimação de uma Ação Judicial de Investigação Eleitoral que indica uma suposta fraude à cota de gênero nas eleições. 

A parlamentar emitiu uma nota oficial em seu perfil no Instagram explicando o episódio, que começou em janeiro deste ano. No texto, ela pontua que o caso se trata de uma retaliação a um mandato que confronta as estruturas patriarcais, racistas e lesbofóbicas dentro do município. 

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“A ação trata-se de uma perseguição política à primeira mulher negra eleita em Paulista, mulher petista. A alegação de fraude à cota de gênero é uma afronta direta à história de luta feminista da Vereadora e da luta que tem desempenhado na Câmara”, pontua a vereadora.

A nota ainda denuncia que a ação partiu de uma autora – que não teve o seu nome revelado – que possui ligações com o partido Democráticas (DEM) e com lideranças políticas tradicionais do município. Junto à questionável posição da proponente da ação, a nota também indica uma que a única suposta prova apresentada contra o mandato tratava-se de uma testemunha que, em audiência, afirmou não ter conhecimento aprofundado sobre a campanha eleitoral da vereadora e sobre os demais candidatos do mesmo partido. 

Em conversa com a Alma Preta Jornalismo, Flávia afirma enxergar o episódio como uma disputa de poder dentro do município. “Isso foi uma tentativa de cessar o voto popular, de boicotar a única vereadora negra de movimento social da casa para colocar no poder os nomes que sempre estiveram”, dispara a vereadora. 

Após investigação, a sentença dada pela Justiça Eleitoral foi dada como favorável ao mandato, entretanto, a parlamentar afirma que se fez necessário anunciar publicamente o processo de perseguição política. Flávia afirma que o seu mandato dará continuidade a construção de políticas públicas em defesa dos mais pobre, dos negros e negras, dos LGBT’s, da classe trabalhadora, do seu partido, dos ideais defendidos, da verdade e da justiça. “Venceremos o golpismo, derrotaremos os golpistas e o voto do povo será respeitado”, finaliza o texto.

Questionada sobre quais serão os próximos passos, a vereadora afirma que existem três pontos a serem priorizados: “Iremos criar uma rede de proteção política, intensificar o nosso trabalho dentro da Câmara e com o povo, para, assim, continuarmos combatendo essa lógica fisiológica de fazer política”, conclui. 

Diante do ocorrido e do apelo proposto para proteger os direitos do mandato nas redes, campanha em defesa da vereadora segue com as hashtags #VaiTerPretaNaCâmaraSim e #NãoVãoNosImpedir. Líderes políticos de municípios vizinhos, como o vereador Vinicius Castello (PT-Olinda), e representantes de movimentos sociais prestaram discursos de apoio à vereadora e afirmaram estar em sua companhia nos próximos anos de mandato. 

Leia também: Vereador é denunciado após afirmar que ‘negro de verdade’ é ‘negro de alma branca’

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