A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) inicia, nesta semana, os testes com câmeras acopladas às fardas de policiais militares. A utilização do equipamento chega em um momento em que a Bahia se configura como o estado com a polícia mais letal do Nordeste e é líder em mortes por chacinas. Dados recentes da Rede de Observatórios da Segurança mostram que de junho de 2019 a maio de 2021, operações policiais resultaram na morte de 461 pessoas.
A medida acontece depois de um estudo e visita técnica da Superintendência de Gestão Tecnológica e Organizacional (SGTO). Inicialmente, os testes serão feitos com quatro marcas de câmeras que, após o período de teste, serão convocadas para uma audiência pública para avaliar os equipamentos e dar início ao processo de licitação. A previsão é que os testes durem até um mês.
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Por meio dos equipamentos, será possível filmar abordagens, confrontos e flagrantes envolvendo as guarnições. Segundo o secretário da SSP-BA, Ricardo Mandarino, o objetivo é registrar possíveis abusos, racismo, homofobia entre outros crimes praticados por policiais, que, segundo o secretário, representam “uma parcela mínima de servidores públicos”. Além disso, Mandarino também pontuou que o equipamento visa “proteger os policiais, mostrando as dificuldades enfrentadas”, cita o secretário em nota divulgada pela SSP-BA.
No quadro total de vítimas em ações da polícia por estado (incluindo número de mortos, mortes de crianças e adolescentes e feridos), a Bahia segue na primeira posição em relação ao Nordeste (510), seguido por Pernambuco (100) e Ceará (99). A Polícia Militar é apontada como a força policial envolvida em 69,9% das ações monitoradas pela pesquisa. Segundo o relatório “A cor da violência policial” indicou que 97% das mortes que ocorreram durante ações policiais vitimaram corpos negros.
Em São Paulo, a tecnologia foi adotada em junho. Um mês após a utilização das câmeras nos uniformes dos policiais, o estado atingiu o menor índice de letalidade da PM em oito anos. Um levantamento obtido pela Folha de S.Paulo mostrou que caiu para 22 o número de mortes decorrentes da intervenção policial em junho, o menor número desde maio de 2013, quando houve 17 mortes por intervenção militar.
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