Marcos Vinicius Souza Santos, de 19 anos, e a mãe dele Maria José, terão que comparecer ao 3º Distrito Policial de Diadema, na Grande São Paulo, na próxima segunda-feira (16), para prestarem esclarecimentos sobre um assunto que eles não sabem qual é. Em fevereiro deste ano, o jovem negro, que tem deficiência intelectual, ficou preso por 21 dias após ter apanhado de policiais militares e ser acusado de um roubo.
“A gente não sabe do que se trata essa intimação. É estranho porque, se tiver alguma relação com o processo judicial, o caso não está mais na fase policial” , argumenta a advogada de defesa Michele Magarotto.
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A intimação tinha sido, originalmente, programada para sexta-feira (13), porém, a data foi alterada para segunda. “Eles só passam informação presencialmente, então só vamos saber do que se trata na segunda”, diz a advogada, que vai acompanhar mãe e filho no dia do esclarecimento.
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A mãe do jovem, Maria José, ficou apreensiva por medo de alguma represália, pois recentemente o rapaz também foi alvo de uma abordagem policial. “Eu não estou entendendo. Achei que quem fosse ouvir ele agora seria um juiz no fórum. Quem não deve não teme, mas é na mesma delegacia onde ele já foi preso injustamente”, relembra a mãe.
Quando foi preso, em fevereiro, o jovem teria sido reconhecido por uma vítima de roubo e estaria com o celular dela, porém, ficou comprovado que o celular era da família do Marcos Vinicius, que tinha até a nota fiscal. Além disso, a confissão teria sido feita sob tortura na delegacia.
A irmã do rapaz contou à Alma Preta Jornalismo que ele sai pouco de casa e, geralmente, acompanhado por alguém da família ou um amigo. Para evitar convulsões, Marcos Vinicius precisa ser medicado a cada 12 horas.
Além disso, ele manca da perna esquerda. Essa característica não teria sido relatada pela vítima que, supostamente, o reconheceu como autor do crime, segundo a polícia.
A intimação para que o jovem e a mãe, dona Maria José, voltassem à delegacia para prestar esclarecimentos foi solicitada pelos delegados Miguel Ferreira da Silva e Flávio Ricardo Elias. Caso não compareçam, segundo a notificação, os dois podem ser acusados de crime de desobediência.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública questionando o motivo para convocação do rapaz e sua mãe, porém, não houve resposta. Caso a pasta se posicione, o texto será atualizado.