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Parque da Consciência Negra: uma homenagem à negritude dentro da Cidade Tiradentes

Além da simbologia do nome, o parque localizado no extremo leste da capital paulista preserva as nascentes do Córrego Itaquera e da mata em estágio de regeneração

Texto: Letícia Fialho | Edição: Nadine Nascimento | Imagem: Letícia Fialho 

Área de atividades e lazer

3 de agosto de 2021

O Parque Municipal Linear Consciência Negra, que fica na Cidade Tiradentes, Zona Leste de São Paulo, tem cerca de 163.000 m² de área total e surgiu através da luta da comunidade local predominante preta, visando a necessidade de preservação das nascentes do Córrego Itaquera e da mata em estágio de regeneração. Inaugurado no Dia da Consciência Negra, em 2009, em homenagem ao líder Zumbi dos Palmares e ao legado da cultura dos movimentos populares negros, é um dos parques mais biodiversos da região, atrás apenas do Parque do Carmo. 

A Cidade Tiradentes abriga o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, com cerca de 40 mil unidades. O bairro foi planejado como um grande conjunto periférico, para deslocamento de populações atingidas por obras públicas, assim como a Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. A alta concentração populacional é acrescida de uma das maiores taxas de crescimento da cidade e problemas sociais. Segundo dados da Prefeitura Regional, são 52.875 famílias, deste total 8.064 famílias se encontram em situação de alta vulnerabilidade.  

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Os próprios moradores da região plantaram um Baobá no dia da inauguração do parque. A árvore de origem africana representa a ligação entre o mundo sobrenatural e material nos mitos religiosos da tradição yorubá. Dentro do parque há equipamentos que valorizam e resgatam aspectos da cultura negra, como o espaço intitulado Grande Terreiro, ponto de encontro de debates que promovem a conscientização de diversos temas ligados à temática racial. Neste mesmo espaço são distribuídos preservativos masculinos e femininos para a população, contribuindo para a prevenção de gravidez indesejada e DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis). 

muda baobáParque da Consciência Negra | Crédito: Letícia Fialho/Alma Preta Jornalismo

É possível desfrutar de toda a infraestrutura, que conta com quiosques, ciclovia, pistas de caminhada, mesa para jogos, campo de futebol, trilhas, além das áreas para prática de dança, roda de capoeira e apresentações culturais. “Uma coisa que seria legal e ainda falta no parque é um projeto sobre africanidades”, avalia Malcom da Silva, estudante do 3º ano do Ensino Médio, morador da Cidade Tiradentes. 

“Falta também o conserto de alguns brinquedos para as crianças e os bebedouros de água precisam de manutenção. É importante ter água para as pessoas se higienizarem e aqui só tem dentro do banheiro. Pensando na situação da pandemia da Covid-19, há necessidade dessas torneiras funcionando”, acrescenta Malcom. 

Procurada pela Alma Preta Jornalismo, a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo afirmou que existe um cronograma de preservação e manutenção das áreas do parque. “É previsto um cronograma de serviços de roçagem e poda, além da limpeza diária do parque com varrição, coleta de lixo e resíduos”.

Em nota, a pasta também falou sobre a agenda de eventos presenciais no Parque da Consciência Negra, que foram suspensos durante a pandemia. “O Parque da Consciência Negra, assim como todos os outros parques municipais, não está realizando qualquer tipo de atividade presencial, a fim de evitar aglomerações por conta da pandemia da COVID-19”. 

Leia também: Professor registra baobás para valorizar o legado africano em Brasília

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