PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Justiça exige auxílio de prefeitura para jovens que deixam abrigo ao completar 18 anos

A prefeitura de São Sebastião, no litoral de São Paulo, terá que pagar ajuda de custo de um salário mínimo para jovens negros que saíram de abrigo após completarem 18 anos

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nadine Nascimento I Imagem: Lia de Paula/Agência Senado

porta de abrigo onde crianças aguardam adoção

porta de abrigo onde crianças aguardam adoção

30 de julho de 2021

O Ministério Público de São Paulo entrou com uma ação na justiça para que a prefeitura de São Sebastião, no litoral Norte de São Paulo, forneça móveis, fogão, botijão de gás, cama, colchã e eletrodomésticos, além de uma ajuda de um salário mínimo por mês para duas jovens negros que irão completar 18 anos e não foram adotados. A justiça acatou o pedido, em decisão liminar.

As jovens são do abrigo Flor de Lis, da prefeitura, que não tem um programa de desacolhimento para atender os adolescentes que completam 18 anos e devem deixar o abrigo, segundo a promotora promotora de Justiça Janine Rodrigues de Sousa Baldomero, que atua na área da Infância e Juventude. Os jovens também não têm parentes com quem poderiam ficar.

Quer receber nossa newsletter?

Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!

Segundo a ação do Ministério Público, os adolescentes abrigados em São Sebastião não têm “formação profissionalizante, tampouco conseguem inserção no mercado de trabalho, não detendo nenhum preparo, apoio financeiro, psicológico e emocional para o pleno exercício da capacidade civil”.

Nos abrigos brasileiros estão acolhidas 29.388 crianças e adolescentes que aguardam uma oportunidade de adoção. Deste total, 29,7% são negras e 14% são brancas, segundo o SNA (Sistema Nacional de Acolhimento e Adoção), do Sistema Nacional de Justiça. No estado de São Paulo, estão 8.115 dessas crianças e adolescentes. Em 2020, foram feitas 7.012 adoções no Brasil, porém só 299 delas eram de jovens com mais de 15 anos de idade.

De acordo com a promotora Janine, o acesso à renda, moradia e alimentação são extremamente importantes no processo de transição para a vida autônoma, sendo fundamental criar estratégias para dar prioridade a esses adolescentes nos programas habitacionais e de renda básica.

A ação do MP-SP determina que os jovens sejam acompanhados por um período de 12 meses, após a saída do abrigo, sendo possível uma prorrogação por mais seis meses, se for necessário, pelo Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes (Saica) e pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) da prefeitura de São Sebastião.

O Ministério Público já tentava, desde 2018, junto à Vara da Infância e Adolescência, a implantação de um plano de desacolhimento para os abrigados que completam 18 anos. A decisão estabeleceu um prazo de 60 dias para que a prefeitura de São Sebastião crie um projeto de lei neste sentido.

A prefeitura de São Sebastião informou, em nota, que criou uma comissão formada por uma equipe técnica e multiprofissional para elaborar uma proposta de desligamento institucional para os jovens que completarem a maioridade no Sistema de Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes (Saica). As duas jovens, segundo a prefeitura, foram inseridas no programa de aluguel social, incluindo as aquisições essenciais de móveis, eletrodomésticos, roupas de cama e banho, e ainda foram inseridas no Programa Emergencial de Auxílio Desemprego (PEAD), onde receberão o valor equivalente a um salário mínimo nacional e cesta básica mensal.

Leia mais: População negra vai precisar de políticas públicas e oportunidades de trabalho para superar pandemia

Apoie jornalismo preto e livre!

O funcionamento da nossa redação e a produção de conteúdos dependem do apoio de pessoas que acreditam no nosso trabalho. Boa parte da nossa renda é da arrecadação mensal de financiamento coletivo.

Todo o dinheiro que entra é importante e nos ajuda a manter o pagamento da equipe e dos colaboradores em dia, a financiar os deslocamentos para as coberturas, a adquirir novos equipamentos e a sonhar com projetos maiores para um trabalho cada vez melhor.

O resultado final é um jornalismo preto, livre e de qualidade.

Leia mais

PUBLICIDADE

Destaques

Cotidiano