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Governo Bolsonaro é ruim ou péssimo para 51% dos eleitores negros

Desaprovação do governo bolsonarista é maior entre os eleitores negros do que entre os brancos; pesquisa de avaliação foi feita antes das denúncias de esquema de propina na compra da vacina Covaxin

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

no dia da posse Bolsanaro comemora ao lado de Temer e Michelle

5 de julho de 2021

A opinião dos eleitores negros sobre o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é mais crítica dos que a dos eleitores brancos nos três critérios apurados pela pesquisa Avaliação, Aprovação e Confiança, do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC).

Para 51% dos eleitores negros, o desempenho do governo, que assumiu em janeiro de 2019, é abaixo do aceitável. O eleitorado negro avalia que a gestão do presidente Bolsonaro é ruim (8%) ou péssima (43%). Além disso, 69% não aprovam as medidas tomadas pelo presidente e 70% disseram não confiar no chef de Estado.

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Entre os eleitores brancos, 10% avaliaram o governo ruim e 35% disseram que é péssimo; 60% destacaram que não aprovam o governo e 62% não confiam no Bolsonaro.

Na pior nota possível de avaliação, péssimo, a diferença de percepção entre negros e brancos sobre o governo Bolsonaro é de oito pontos percentuais (43% e 35%). Na desaprovação, a diferença é de nove pontos percentuais (69% e 60%) e na desconfiança é, novamente, de oito pontos percentuais (70% e 62%).

Ausência de agenda de combate ao racismo

O combate ao racismo e as reivindicações da população negra não tiveram espaço de destaque nas ações do governo Bolsonaro, apesar de 56% dos brasileiros se autodeclararam negros.

Em 2020, segundo a ONG Contas Abertas, Bolsonaro gastou apenas 2% da verba que deveria ser destinada ao combate ao racismo, com ações promovidas pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, onde está subordinada a SNPIR (Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial).

A ex-secretária da Promoção de Igualdade Racial, Sandra Terena, foi demitida pela ministra Damares Alves após estourar um escândalo de disseminação de fake news envolvendo o marido da ex-secretária. O substituto, Paulo Roberto, ex-coronel dos Bombeiros do DF, assumiu em janeiro de 2021, mas ainda não conseguiu fazer nenhuma reunião do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Em 2020, foram apenas duas reuniões do conselho.

Em 2017, Jair Bolsonaro foi condenado a pagar uma indenização de R$ 50 mil por danos morais coletivos por ter ofendido negros e quilombolas. O então parlamentar se defendeu dizendo que estava protegido pela imunidade parlamentar, pois era deputado federal quando afirmou em um evento público no Rio de Janeiro: “Eu fui num quilombola em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada, eu acho que nem pra procriador servem mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano gastados com eles, recebem cesta básica e mais, material, implementos agrícolas”.

Por conta dessa fala, o Ministério Público entrou com uma ação e a juíza Frana Mendes, da 26ª vara da Justiça Federal do RJ, condenou Bolsonaro, em outubro de 2017. No entanto, em setembro de 2018, pouco antes das eleições presidenciais, a 8ª turma do TRF-2 (Tribunal Regional Federal) julgou o recurso pedido por Bolsonaro e o absolveu, aceitando o argumento da imunidade parlamentar.

Quem apoia

Na entrevista para a pesquisa do Ipec, 6% dos eleitores negros disseram que o governo Bolsonaro é “ótimo”. Entre os brancos, foi 10% de avaliação como “ótimo”. Já 14% dos eleitores negros disseram que o governo é “bom”, assim como 19% dos eleitores brancos. Ou seja, somando “ótimo” e “bom”, Bolsonaro foi avaliado acima da média por 20% dos negros e 29% dos brancos.

Na avaliação “regular”, Bolsonaro teve um resultado igual entre o dois grupos de eleitores: 26% para os negros e 25% para os brancos.

Na pergunta sobre a aprovação, Bolsonaro recebeu apoio de 37% dos brancos e 27% dos negros. Sobre a confiança no presidente os resultados se repetiram, 37% dos brancos e 27% dos negros.

O Ipec fez a pesquisa entre os dias 17 e 21 de junho, antes das denúncias de esquema de propina na compra da vacina Covaxin, do super pedido de impeachment e da descoberta de aplicação de vacinas vencidas na população. Foram ouvidos 2.002 eleitores (63% negros e 32% brancos) em 141 cidades.

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