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Bela no nome e na voz: Conheça a cantora que conquista fãs dentro e fora de Pernambuco

Com números expressivos de visualizações em seus vídeos, Bela Maria buscou diferenciais, fora sua potência vocal, para estabelecer uma conexão com o público que a acompanha; para Bela, o alcance é fruto de cantar sobre o que é e vive

Texto: Victor Lacerda / Edição: Lenne Ferreira / Imagens: Divulgação

Pernambucana Bela Maria viraliza nas redes sociais por dar seu tom ao universo musical

18 de junho de 2021

Com vídeos batendo a marca de quase 3 milhões de visualizações nas redes sociais, a mais nova voz nordestina que ecoa internet afora tem nome: Bela Maria. Aos 19 anos, a pernambucana, nascida no município de Paulista, 15km da capital, encontrou na internet um meio de dialogar com quem está aberto a ouvir o que ela tem para dizer e, acima de tudo, cantar. Dona de uma voz que passa por nuances da MPB, R&B, Bela sonha em estabelecer uma carreira genuína, que esteja de mãos dadas com o que vive e acredita.

Em conversa com a Alma Preta Jornalismo, a cantora conta que a música sempre esteve presente em seu lar. Apesar de não ter uma referência de artista direta em sua família, o ambiente em que vive sempre contou com trilha sonora, o que a fez se apaixonar pelo poder e sensibilidade da voz e da composição. “Tenho a lembrança de me encantar pela música desde sempre, mas algo que me marca são as trilhas de desenhos animados que eu gostava de imitar. Além disso, o fato de que era música para tudo aqui em casa. Não tinha como fugir”, relembra. 

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O que era brincadeira de criança, foi ganhando forma para algo mais sério. É que Bela teve seu pontapé na música vivido ainda aos 8 anos, quando passou a integrar o coral da igreja católica que a família frequentava. A artista conta que, sendo apresentada ao microfone, várias portas se abriram em sua mente, uma delas era a certeza de que poderia trilhar um caminho profissional trabalhando com algo que amava plenamente. 

Como se diz no nordeste, a jovem “pegou o gosto pela coisa” e não via outra forma de aprimorar o seu desejo de viver música sem ser estudando. Sem recurso para se debruçar em cursos na área que gostaria de seguir, Bela sabia que o caminho para desenvolver seu talento era por meio da autonomia. A internet a ajudou a buscar novas referências e a trazer a concepção de que, assim como outras cantoras negras, ela poderia, sim, ter o seu espaço ao lado de outras tantas. 

“Corri muito atrás quando percebi que não era fácil e isso me trouxe um traço que carrego até hoje. Resisto a ter aula de música, por saber que, no fundo, no fundo, eu quero fazer mais e me descobrir sozinha. Engraçado que nunca tinha escutado esse termo e quando tomei noção, vi que tinha a ver comigo, a palavra ‘autodidata’. Ela me define quando digo para as pessoas que aprendi ‘sozinha’. Estudando por conta própria, além de explorar o vocal, hoje sei tocar violão, teclado, guitarra e ukulelê”, conta, orgulhosa de si. 

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Dos momentos marcantes vividos com a música, dois tem cadeira cativa em seu coração. Um, aos 12 anos, quando foi convidada a cantar em um evento e a resposta do público foi imediata. “Quando ouvi das pessoas que minha voz e meu show eram ‘massa’, como a gente diz aqui em Pernambuco, vi que conseguiria ir adiante com meu sonho”, relembra. O outro, marcado três anos à frente, foi a oportunidade de abrir, aos 15 anos, o Prêmio da Música de Pernambuco, o mais renomado do estado. 

“Foi um sonho estar no palco de um prêmio desse porte e, principalmente, no Teatro Santa Isabel, um palco que muitos artistas importantes para a cultura nacional estiveram ou que sonham em estar. Depois dessa oportunidade, ouvia das pessoas para valorizar esse momento, por ter uma carreira de pouco tempo e já está pisando em um espaço tão significativo. Foi algo que me emocionou bastante e até hoje guardo com carinho por ter sido em um lugar que eu ia para assistir outros artistas em anos anteriores e não imaginava ocupar em pouco tempo”, afirma Bela. 

No início da tentativa de profissionalização, a jovem contava com um repertório cheio de covers de artistas que estavam na sua playlist no dia a dia ou no seu radar, o que continua até hoje, mas em doses menores. Construindo uma nova fase, Bela quer mostrar que a sua existência e vivência podem ser tratadas em primeira pessoa, conquistando sucesso, também, por meio de canções totalmente autorais. Estudante do curso de Jornalismo, foi na faculdade que ganhou segurança para explorar outros meios da escrita, com a composição, e do audiovisual. Assim, foi buscando novas vertentes de som, vitrines e mais vivências em comum com o público. 

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Aos 19 anos, Bela Maria já conta com repertório autoral e milhões de visualizações em sua página oficial no Instagram. A força da voz e da vontade de ser, cada vez mais, ela mesma, abrem caminhos para um futuro promissor para jovem. 

Na conversa com a Alma Preta, que sucede em entrevista, Bela conta sobre a sua relação com as redes sociais, a mudança no alcance do seu trabalho, os receios com a carreira enquanto mulher negra, com quem sonha colaborar e os próximos passos na música. 

Confira!

Pingue-Pongue

AP: Com milhares de visualizações nas redes sociais em suas publicações cantando, como a internet, no geral, ajudou no alcance do seu trabalho?

Bela Maria: Primeiramente, não tem jeito certo de começar e usar a internet para se ter retorno. Pensando profissionalmente, sempre quis que a internet fosse esse espaço de trabalhar os meus projetos. Nunca tive apoio de nada, então sempre arrisquei com os meios e via o que dava certo ou não através de tentativas. Por isso, comecei a fazer cover de músicas de outros artistas, publicava no YouTube, mas sem constância. Escrevi umas músicas autorais já usando a internet como meio de divulgação, mas não sentia segurança. Isso me fez parar também o canal por um tempo. Só fui entender melhor os recursos e ter mais confiança nas redes na faculdade de comunicação, quando vi que dava para produzir um conteúdo diferente e encontrar nesse meio a possibilidade de lançar as músicas autorais. Depois que confiei e disponibilizei novos materiais, o retorno maior foi acontecendo. Foi quando entendi “só quero ser eu, Bela Maria”. 

AP: E quando você sentiu a chave de virada para ter os seus vídeos bem vistos e com um número maior de interações?

Bela Maria: Quando pensei o que poderia ser o meu diferencial e como isso poderia fluir. Eu via os vídeos das pessoas cantando, mas percebia que não queria ser mais alguém que faz cover na internet. Eu tinha o intuito de me conectar com quem estivesse consumindo a música naquele momento, aí que vieram as ideias que foram compondo o trabalho que faço hoje. Além de trazer músicas autorais, incorporei versos na frente da música cantada, o que gerou uma identificação nas pessoas que me ouvem e me assistem. E, o mais importante, isso possibilitou que as pessoas soubessem quem eu era e sobre o que passei sentimentalmente, me tornando mais próxima delas.

AP: Com essa projeção, enquanto mulher, negra, nordestina, você tem algum receio de respostas à sua carreira na música?

Bela Maria: A principal cobrança que há pouco tempo existia dentro de mim, mas por causa de fatores externos, era o que eu precisava fazer o mesmo que já é feito para poder ser aceita. Só via esse caminho para estar dentro desse universo. Com isso, veio o medo de criar e de ser eu mesma na música. A falta de entendimento também das pessoas que condicionam o fato de eu ser nordestina à obrigatoriamente cantar forró. Não, eu quero fazer pop, quero cantar R&B e o que quiser cantar. Isso foi outra cobrança, mas externa. As pessoas esperavam que eu fosse falar explicitamente da minha luta, mas eu preferi falar sobre outras vivências que me atravessam, como o amor. Entendi, depois de muito tempo, que estou militando, para a minha causa, para as pessoas da minha cor, também quando tenho a liberdade de fazer o que quero e, na música, hoje isso não é diferente. 

AP: Dando continuidade ao sucesso nas redes sociais, o que você está trabalhando neste momento? 

Bela Maria: De novidade, conto logo que vai ter uma live do Festival Rec Beat que apresenta novos talentos e eu estarei, no próximo dia 20, às 16h, cantando as minhas músicas autorais e com toda a energia por estar com saudade dos palcos e da troca com as pessoas. Inclusive, nessa apresentação, que é a primeira ao vivo com os meus novos trabalhos, lançarei uma música autoral inédita. Então, por agora, esperam muita performance e energia boa. 

AP: Antes dessa música que será lançada, o seu último trabalho, lançado durante a pandemia, no mês de março, foi o videoclipe da faixa ‘Domingo’. O que te levou a fazer esse trabalho?

Bela Maria: “Domingo” é um trabalho que segue muito o meu modo de vida no momento em que ela foi feita. Gravei essa faixa totalmente sem recurso, na faculdade, quando juntei amigos de comunicação, cinema e produção fonográfica. Na pandemia, tinha ela e mais outras músicas gravadas já, mas não tinha como produzir um material de divulgação. Para resolver, fiquei três meses isolada na casa de um amigo produzindo e me jogando na música de acordo com o que estava sentindo. ‘Domingo’ ganhou clipe quando estava em um período mais calmo, que contemplava os dias chuvosos e gostava de experienciar isso, apesar de tudo. 

AP: Para os próximos trabalhos, pensando em projetos maiores, sonha em trabalhar com alguém que admira na música?

Bela Maria: Nossa! Tanta gente! Digo alguns nomes, como Iza, Thiaguinho, Péricles, Djonga, MC Tha e Duda Beat. E mais! (risos)

AP: E para quem acompanha ou acabou de desembarcar na sonoridade de Bela Maria, o que pode esperar para os próximos meses? 

Bela Maria: Adianto que já estou com um EP no forno e querendo soltar! Por enquanto, esperem singles, mais trabalhos autorais, novas apresentações e mais conteúdo nas redes. Espero que a vacina venha o quanto antes para todos, mas, enquanto isso, parada não vou ficar! Me acompanhem! 

Assista ao clipe de ‘Domingo’:

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