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Vereadora negra e trans deixa o Brasil após ameaças de morte

Benny Briolly é alvo de uma série de ameaças a sua integridade física desde o período eleitoral, no ano passado; Decisão de sair do país foi tomada pelo PSOL para manter a parlamantar em segurança

Texto: Redação | Imagem: Reprodução/Redes sociais

Imagem mostra a vereadora Benny Briolly em sua posse, em janeiro de 2021. Ela está com um punho cerrado e na outra mão segura uma placa com o nome de Marielle Franco.

14 de maio de 2021

A vereadora Benny Briolly, primeira mulher transexual eleita para a Câmara Municipal em Niterói, município do Rio de Janeiro, precisou sair do Brasil para proteger sua integridade física. A parlamentar, que também é negra, é alvo de ameaças de morte desde o período eleitoral, em 2020.

A informação sobre a saída do país foi confirmada pela assessoria de imprensam, em publicação nas redes sociais. A decisão foi tomada pelo PSOL. Segundo a equipe da vereadora, “já foram comunicadas e oficializadas várias instâncias do Estado brasileiro sobre a grave situação” mas, até o momento, “não foram tomadas medidas efetivas que protegessem sua vida e seus direitos políticos”.

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Entre as inúmeras ameaças recebidas por Benny, está um e-mail que cita o endereço da parlamentar e exige sua renúncia do cargo. Caso contrário, iriam até a casa dela matá-la. A vereadora também recebeu comentários em suas redes sociais desejando que “a metralhadora do Ronnie Lessa” a atingisse. Lessa é um dos acusados de participar do assassinato de Marielle Franco, em 2018.

Benny permanecerá 15 dias afastada da Câmara e participará virtualmente das sessões plenárias. “Toda a equipe da Mandata de Favela segue firme trabalhando com muitas ações legislativas e a frente da Comissão de Direitos Humanos, da Criança e do Adolescente que a vereadora preside. Porém é inegável que o afastamento cercea seus direitos políticos e prejudica profundamente o exercício do cargo para qual Benny foi eleita: vereadora de Niterói”, diz o comunicado da assessoria.

Ataques recorrentes de vereador bolsonarista

Na Câmara Municipal de Niterói, o principal autor das violências contra a vereadora Benny Briolly é o vereador bolsonarista Douglas Gomes (PTC). O parlamentar se descreve em sua conta no Twitter como cristão, patriota e conservador. Nas redes sociais, ele compartilha uma série de publicações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Benny já foi insultada e ameaçada pelo vereador dentro da Câmara. Em entrevista à Alma Preta Jornalismo, a vereadora contou que a ausência de outras mulheres trans torna o ambiente vulnerável para que a violência verbal e os episódios de transfobia e racismo aconteçam. “Se referem a mim sempre no masculino e falam do meu corpo de uma maneira muito objetificada. Isso é revoltante. É triste”, relembrou a vereadora.

Os episódios de violência verbal, racismo e transfobia praticados pelo vereador bolsonarista foram encaminhados para as autoridades através da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI). “É importante que o vereador responda pelas violências que comete, não é apenas sobre mim, mas sobre uma violência estrutural que faz com que o Brasil seja o país que mais mata travestis e transsexuais”, avaliou Benny, em abril.

Na época das denúncias mais recentes, em março e abril, a Alma Preta Jornalismo procurou o vereador Douglas Gomes, mas ele não se posicionou.

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