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Em PE, Mandata Juntas reivindica priorização de vacina contra a Covid-19 para gestantes

Projeto de lei se baseia em dados que mostram o Brasil com o maior número de gestantes mortas por Covid; chances de uma gestante morrer por complicações relacionadas à COVID-19 é 17% maior entre mulheres negras, já para as brancas, a probabilidade cai para 8,9%.

Texto: Lenne Ferreira e Victor Lacerda / Edição: Lenne Ferreira / Imagem: Getty Images

Em PE, Mandata Juntas reivindica priorização de gestantes de na vacinação

13 de abril de 2021

Na última segunda-feira (12), a mandata coletiva das Juntas co-deputadas (PSOL) protocolou, junto à Câmara Municipal do Recife, um projeto de lei que visa incluir gestantes e puérperas de Pernambuco no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. Entre as motivações do pedido, a ação leva em conta disparidades raciais no acesso aos serviços de pré-natal e neonatal, além dos dados de uma pesquisa que mostra: oito em cada 10 grávidas ou puérperas que morrem de covid-19 no mundo são brasileiras.

Para a gestora Carol Vergolino, uma das codeputadas da mandata coletiva proponente da ação, a mortalidade materna atinge, em sua centralidade, pessoas negras. “Os dados apresentados pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco confirmam isso quando apresentam, nos últimos três anos, a ocupação dessas pessoas em cerca de 70% a 80% no preenchimento do quadro de óbitos, antes mesmo da pandemia. Há a intenção nacional de propor a priorização, mas com a condição da soma de comorbidades a quem estiver em gestação. Para nossa mandata, isso só dificulta as tentativas de melhoria do quadro quem já, por vários motivos, se faz vulnerável” explica Carol.

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Atualmente, o Brasil ocupa o primeiro lugar em mortalidade de pessoas gestantes e puérperas por Covid-19 no mundo. O dado é resultado de uma pesquisa realizada pelo International Journal of Gynecology and Obstetrics intitulado “The Tragedy of Covid-19 in Brazil”, que também aponta que a razão de mortalidade de pessoas gestantes e puérperas por Covid-19 é, sozinha, equivalente a 77% de todas estas mortes no mundo.

Um outro dado científico apresentado ainda no ano passado pontua a incidência de óbitos, em sua maioria, de mulheres negras, também, no cenário mundial. De acordo com uma pesquisa feita por instituições de ensino brasileiras em parceria com a Universidade de Oxford, a chance de uma gestante morrer por complicações relacionadas à COVID-19 é 17% entre mulheres negras. Já para as pessoas brancas, a probabilidade cai para 8,9%.

Outros fatores, como atendimentos de baixa qualidade ou escasso, a falta de recursos para cuidados críticos e de emergência, violência obstétrica, se somam com os percalços apresentados pela pandemia no país, dificultando a periodicidade de acompanhamentos por especialistas, como obstetras e ginecologistas. “A COVID-19 nos apresenta o desbaratamento de um sistema que dificulta o acompanhamento de pré-natal nas periferias, com postos de saúde próximos, por vezes, sem atendimento. Isso sem contar que os atendimentos de referência, geralmente, estão presentes nos grandes centros urbanos, colocando mais um obstáculo: a locomoção. Por isso protocolamos o projeto, na expectativa de ser um plano que salve vidas, que preserve uma geração que poderá acabar sendo órfã, não só aqui no Estado, mas em todo país”, finaliza a codeputada.

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