Saiba quais seleções africanas já avançaram a fase de grupos em Copas do Mundo e como foram as campanhas desses países. Senegal, a última esperança do continente, encantou o planeta bola em 2002, quando chegou às quartas de final
Texto / Lívia Martins
Imagem / Getty Images
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As seleções africanas são mais do que meras participantes para completar os grupos em copas do Mundo.
Desde quando começaram a competir em ligas europeias, além de terem entrado no radar midiático, os irmãos do continente-mãe passaram a equilibrar disputas contras os “favoritos” no torneio mundial.
Nesta edição da Copa do Mundo, na Rússia, cinco nações da África carimbaram o passaporte: Marrocos, Senegal, Tunísia, Nigéria e Egito. Após duas semanas de competição, apenas os times da África subsaariana continuam com chances de avançar para as oitavas de final.
Na última e decisiva rodada, o Senegal joga contra a Colômbia na quinta-feira (28), em partida válida pelo grupo H, e briga para continuar com o sonho de avançar para o nível seguinte.
A Nigéria enfrentou a Argentina de Messi e disputou partida árdua e épica, que valia vaga para as oitavas de final. Apesar do histórico contra os portenhos ser animador, uma vez que as águias verdes foram campeãs olímpicas sobre a albiceleste em 1996, a Argentina garantiu a classificação após sofrida vitória por 2 x 1 – se serve como consolo, os nigerianos lutaram até os últimos segundos pela glória.
Até onde eles já foram?
Ultrapassar a fase de grupos não será novidades para os senegaleses. Em 2002, os Leões de Teranga rugiram pela primeira vez em uma Copa e a França sentiu de perto a força da savana africana. A campeã da Copa anterior, disputada em 1998, foi derrotada por 1 x 0, com gol de Papa Bouba Dioup.
A campanha senegalesa, disputada na Coreia do Sul e no Japão, e que contou com o à época capitão e volante Alou Cissé, teve empates em jogos contra a Dinamarca e Uruguai na fase de grupos. No nível seguinte, a batalha foi contra a favorita Suécia, que contava com a estrela Henrik Larsson.
Sem tomar conhecimento, o meio-campista Henri Camara marcou duas vezes e deixou os suecos para trás e, desse modo, o improvável estava ganhando formas de possibilidade na história de Senegal. A Turquia não quis saber se os leões estavam excelentes: o único gol dos turcos, marcado na prorrogação, mandou os senegaleses para casa, mas não manchou a bela história escrita no continente asiático.
Já os nigerianos pairavam pela primeira vez em uma Copa do Mundo em 1994, nos EUA. A Nigéria liderou o grupo D, que contava com Argentina, Bulgária e Grécia. Quando chegou às oitavas de final, eles pararam na Itália. Essa fase nunca foi superada pelo time em nenhuma das demais Copas das quais Nigéria já participou: 1998, 2002, 2010 e 2014.
Rashid Yekini chora ao marcar o primeiro gol da Nigéria em Copas do Mundo, em 1994, nos EUA (Imagem: Getty Images)
A história conta
Marrocos, Tunísia e Egito já estão eliminadas. Os faraós foram os primeiros representantes da África em uma competição de Copa do Mundo, em 1934, na Itália. Na atual participação, não foi dessa vez que Salah mostrou por que está chamando a atenção do mundo no Liverpool. Parte dos fatores que justificam a atuação fraca do atleta egípcio é a lesão sofrida em partida decisiva da Liga dos Campeões contra o Real Madrid. O fato aconteceu semanas antes da divulgação da lista definitiva de convocados e a participação de Salah gerou dúvidas.
O jogador não participou da primeira partida e viu o Uruguai ganhar dos egípcios. Mesmo jogando a segunda partida, Salah não conseguiu ajudar e o Egito deu adeus à competição após perder por 3 x 1 para a anfitriã Rússia. Em tom de despedida, Salah deixou o seu gol, mas a Arábia Saudita virou o placar no segundo tempo e a pardida terminou em 2 x 1.
Já os marroquinos deixaram o mundial depois de perderem os jogos contra Irã e Portugal – ambas as partidas terminaram com o placar de 1 x 0. Todavia, conseguiu empate digno contra a Espanha na despedida, cujo resultado foi 2 x 2.
A seleção de Marrocos ficou 20 anos sem participar de uma Copa do Mundo, mas fez história ao ter passado para as oitavas de final em 1986, quando foi eliminada pela Alemanha. Além disso, foram eles que trouxeram o continente africano de volta para as disputas em competições da FIFA.
Seleção marroquina em ação na Copa de 1986 (Imagem: Getty Images)
Desde o pioneirismo dos faraós na década 1930, o continente-mãe só voltou a ter representantes em 1970, no México. A partir disso, o número de seleções participantes só aumentou com o passar das edições.
Para os tunisianos, as chances de classificações às oitavas de final acabaram na partida contra a Bélgica. Após estreia com derrota por 2 x 1 contra a Inglaterra, a Tunísia foi derrotada por 5 x 2 pelos belgas e fará a última partida apenas para cumprir tabela contra o Panamá, nação também eliminada do torneio mundial, na quinta-feira (28).
Apesar de não estar em sua melhor fase, a seleção do norte da África foi a primeira do continente a vencer uma partida na história das Copas do Mundo. O fato aconteceu no torneio realizado na Argentina, em 1978, contra o México por 3 x 1.
Todos os olhos em nós
A primeira seleção africana a alcançar as quartas de final foi a histórica Camarões, em 1990, na Itália. Os Leões Indomáveis ganharam da Argentina de Maradona por 1 x 0, não tiveram conhecimento da Romênia, de Gheorghe Hagi e mandaram para casa a famosa seleção colombiana, que contava com René Higuita, Carlos Valderrama e Freddy Rincón. Sob o comando do goleador Roger Milla, os camaroneses chegaram até as quartas de final contra a Inglaterra. Apesar de apresentar futebol alegre e veloz, Camarões não conseguiu ganhar dos ingleses e chegar à semifinal. Porém, a festa do continente já era irreversível: foi a primeira vez que a África estava entre os oito melhores do mundo.
Roger Milla deixa o colombiano René Higuita para trás e marca o gol que classificou Camarões às quartas de final da Copa de 1990 (Imagem: Getty Images)
O fato abriu as portas para outras seleções conquistarem o fato de avançar para a etapa das quartas de final, como Gana, em 2010, contra o Uruguai, além de Senegal, com Cissé, em 2002.
A edição na Rússia aguarda ansiosamente para ser palco de mais histórias do império africano. Quem será o próximo protagonista? As esperanças estão todas depositadas em Senegal.
Ubuntu, irmãos!