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Colômbia: Brutalidade policial é maior nas comunidades negras de Cali

Exército cercou a cidade de Cali, onde mais de 25% da população é negra;  assassinatos, desaparecimentos e estupros são relatados por manifestantes

Texto: Juca Guimarães I Edição: Nataly Simões I Imagem: Medios libres Cali

Imagem mostra protesto em Cali, na Colômbia

4 de maio de 2021

Cali, uma das principais cidades da Colômbia, está desde o dia 28 de abril cercada pelo exército e demais forças de segurança. O governo tenta reprimir uma série de protestos contra a proposta de mudança nos impostos. 

A revolta da população local aumentou por conta de denúncias de estupros e assassinatos cometidos pelos agentes do Estado. Em Cali, 26% da população é negra e mora em favelas e bairros populares, onde a brutalidade policial é maior.

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As regiões mais atingidas pela repressão policial são as dos bairros do distrito de Água Branca, na parte oriental da cidade, onde vivem 70% dos negros e negras de Cali. Os manifestantes se reúnem em Puerto Resistencia para enfrentar os ataques das forças de segurança. 

“A cidade está com bloqueios de ruas e avenidas pela população, que está cansada das elites cruéis que ocupam o poder desde sempre. Há relatos de que forças de repressão sequestraram ativistas para desmobilizar a luta”, relata o professor universitário Jaime Alves, integrante do Movimento Negro brasileiro e pesquisador das relações raciais em Cali. A atual onda de assassinatos se soma a um histórico de violações de direitos humanos.

Desde 2016, quando o pais assinou um acordo de paz com as FARC, principal grupo guerilheiro do país, pelo menos 1.147 ativistas sociais foram assassinados. “Embora o Estado não seja o único responsável por estas mortes, ele é parte importante dessa máquina de guerra que atinge principalmente a população negra e indígena”, diz uma fonte.

O informe divulgado pela plataforma Grita, com dados dos organizadores dos protestos,  dá conta de nove estupros, 1.181 casos de abuso policial, 26 assassinatos e 761 prisões sem justificativa, entre 28 de abril e 3 de maio. Publicações que relatam números e vídeos de violência policial foram retiradas da internet.

Conforme apurado pela agência Alma Preta Jornalismo, em alguns lugares de Cali as pessoas estão proibidas de sair na rua. “Mesmo com o governo recuando em relação à reforma tributária, a violência usada para reprimir as primeiras manifestações gerou mais protestos”, destaca um professor brasileiro e que também vive em Cali.

Protestos não vão parar e manifestantes temem massacre

De acordo com os manifestantes, a Smad, equipe de elite das forças de segurança, é responsável por invasões de casas, prisões ilegais e desaparecimentos, entre outras violações de direitos humanos.  O professor Jaime relata que novos protestos estão marcados para essa terça-feira (4).

Um dos lemas dos manifestantes que estão nas ruas há pelo menos seis dias é “El paro no paro”, ou seja, em tradução livre, “A greve não para”.  

Vicenta Moreno, ativista da Organização de Mulheres do Oriente De Cali, denuncia que novas ondas de repressão estão a caminho. Ela teme pela vida da juventude negra e pobre do oriente de Cali, que tem sido o alvo principal das políticas de repressão.

O ministro da Economia, Alberto Carrasquilla, pediu demissão do cargo no domingo (2), o que gerou uma crise no governo do presidente Ivan Duque, defensor de uma política neoliberal com redução dos direitos trabalhistas e programas sociais.

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