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Dez mil profissionais da saúde foram infectados pela Covid-19 na África, diz ONU

29 de julho de 2020

Desde o começo da pandemia, mais de 860 mil casos do novo coronavírus foram registrados no continente, com mais de 18 mil mortes; veja os países mais afetados

Texto: Guilherme Soares Dias | Edição: Nataly Simões | Imagem: Organização Mundial da Saúde (OMS)

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A agência de saúde da ONU (Organização das Nações Unidas) destacou a ameaça que a Covid-19. o novo coronavírus, representa para os trabalhadores de saúde da África, dos quais mais de 10 mil foram infectados até o momento. Houve mais de 860 mil casos da doença no continente, com mais de 18 mil mortes.

“O crescimento que estamos vendo nos casos de Covid-19 na África está colocando uma pressão cada vez maior nos serviços de saúde em todo o continente”, afirma, em comunicado, Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a África. “Isso tem consequências muito reais para os indivíduos que trabalham nesses serviços, e não há demonstração mais preocupante do que o número crescente de infecções entre esses trabalhadores”, acrescenta.

Globalmente, cerca de 10% dos casos do novo coronavírus estão entre profissionais de saúde, embora as taxas sejam diferentes entre os países. As informações sobre infecções de trabalhadores da saúde na África ainda são limitadas, segundo a OMS, embora dados preliminares revelem que eles representam mais de 5% dos casos somente na África Subsaariana.

Os fatores que aumentam o risco entre profissionais da linha de frente incluem acesso inadequado a equipamentos de proteção individual e medidas fracas de prevenção e controle de infecções. “Médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde são nossas mães, irmãos e irmãs. Eles estão ajudando a salvar vidas ameaçadas pela Covid-19. Precisamos garantir que tenham o equipamento, as habilidades e as informações necessárias para manter a si mesmos, seus pacientes e colegas em segurança”, explica Michael Ryan, diretor de emergências da OMS.

As medidas precoces e rigorosas de confinamento “permitiram retardar a progressão” da doença na África, observa Mary Stephens, especialista do escritório regional da OMS na África. Mas o pico da pandemia ainda está chegando, alerta a especialista, já que muitos países relaxaram as restrições para evitar o colapso de suas economias.

A África do Sul é o país mais afetado do continente, com mais de 450 mil casos, incluindo 7.067 mortes. Entre as vítimas da Covid-19, está a filha de Nelson Mandela, Zindzi, que morreu aos 59 anos no dia 13 de julho e comoveu o país. 

Globalmente, o país sul-africano ocupa o quinto lugar entre os países com o maior número de contaminações, atrás dos Estados Unidos, Brasil, Índia e Rússia. A taxa de mortalidade permanece baixa (1,6% dos casos). Mas esse dado poderia estar subestimado. Segundo pesquisadores, cerca de 17 mil mortes adicionais, não contabilizadas entre as mortes da Covid-19, foram registradas desde o início de maio.

O ministro da Saúde, Zweli Mkhize, alerta que “o pico (da pandemia) será em julho, agosto e setembro”. O país impôs um dos mais rígidos confinamentos do mundo no final de março, antes de aliviá-lo. Diante da explosão de contaminações, as escolas voltaram a ser fechadas por um mês e um toque de recolher noturno foi restabelecido.“Não se pode dizer que a situação esteja fora de controle”, afirma Laura Triviño, coordenadora médica da ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) na África do Sul, “mas estamos começando a ver os hospitais do Johanesburgo se saturando de pacientes”, complementa.

De acordo com informações do jornal El País, o epicentro da pandemia se deslocou da província do Cabo Ocidental, onde fica a Cidade do Cabo, para as do Cabo Oriental, Gauteng (com as cidades de Johanesburgo e Pretória como focos mais ativos) e Kwazulu-Natal. “No Cabo Oriental os hospitais não estão preparados, a cifra de mortes é inclusive mais elevada por lá”, acrescenta Triviño.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou na terça-feira (28) assistência de US$ 4,3 bilhões à África do Sul para o combate à Covid-19 e aos efeitos sobre a economia.

Nigéria, Quênia e Camarões

A Nigéria, com 200 milhões de habitantes, é o segundo país mais afetado da África Subsaariana, com mais de 41 mil casos, incluindo pelo menos 860 mortes. No entanto, os números podem estar subestimados por falta de testes disponíveis. O país realiza apenas 3 mil testes diários, cerca de um décimo do número de testes realizados na África do Sul, que tem um quarto da população nigeriana.

“Para cada caso identificado, outros nos escapam porque não podemos testar todos”, admite Sani Aliyu, chefe da força-tarefa encarregada de combater o vírus.

No Quênia, o número de casos do novo coronavírus triplicou em um mês, com quase 18 mil infecções confirmadas, incluindo 285 mortes. Sob pressão do setor privado, o país suspendeu a proibição de sair ou ir para Nairobi e Mombasa (leste), os principais focos da epidemia. Na segunda-feira (27), o presidente Uhuru Kenyatta anunciou uma proibição da venda de álcool em restaurantes e uma extensão de um mês do toque de recolher noturno para conter a propagação “agressiva” da Covid-19. As escolas primárias e secundárias só serão reabertas em janeiro de 2021.

Já Camarões, que não impôs um confinamento estrito, é o país da África Central mais afetado, com mais de 16 mil casos. “O primeiro pico da epidemia ocorreu entre o final de junho e o início de julho”, segundo Yap Boum, representante para a África do Epicentro, o ramo de pesquisa e epidemiologia da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). Mas “isso não significa que a pandemia acabou, não!s”, insiste.

Com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Agence France-Presse (AFP). 

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