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Governo do Congo e grupo M23 concordam em encerrar combates

Declaração conjunta marca compromisso inédito por trégua imediata enquanto avançam negociações de cessar-fogo mediadas pelo Catar
Uma multidão ouve discursos de membros do grupo M23 durante uma reunião na Place de l’indépendance em Bukavu em fevereiro de 2025.

Uma multidão ouve discursos de membros do grupo M23 durante uma reunião na Place de l’indépendance em Bukavu em fevereiro de 2025.

— Reprodução/AFP

24 de abril de 2025

O governo da República Democrática do Congo (RDC) e o grupo M23 anunciaram, na quarta-feira (23), um compromisso conjunto para cessar as hostilidades no leste do país. A decisão foi comunicada em declaração conjunta lida na emissora estatal congolesa e divulgada também por um porta-voz do M23. A trégua deve vigorar durante as negociações em curso e até sua conclusão definitiva​.

O anúncio representa uma reviravolta na postura oficial de Kinshasa. O presidente Félix Tshisekedi vinha se recusando a dialogar diretamente com o grupo rebelde, a quem acusa de agir como representante dos interesses de Ruanda. 

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A mediação do Catar, iniciada em abril, resultou no encontro entre Tshisekedi e o presidente ruandês Paul Kagame, que manifestaram apoio a um cessar-fogo em reuniões realizadas em Doha.

Conflito de longa duração

A região leste da RDC é marcada por instabilidade há mais de três décadas. O grupo M23, que retomou suas ações armadas em 2021, tem ocupado territórios importantes nos arredores das cidades de Goma e Bukavu. Especialistas da ONU e governos ocidentais afirmam que o grupo recebe apoio militar do governo de Ruanda, acusação que Kigali nega. Recentemente, um enviado dos Estados Unidos solicitou que Ruanda retire suas forças do território congolês​.

A atual declaração é a mais recente de uma série de tentativas de cessar-fogo. Desde 2021, pelo menos seis acordos anteriores falharam. O novo compromisso, entretanto, ocorre em um contexto de maior envolvimento internacional, especialmente da diplomacia do Catar, que também mantém acordos econômicos com a RDC e Ruanda, incluindo um investimento de mais de um bilhão de dólares em infraestrutura aeroportuária em Kigali.

Apoio internacional e novos encontros

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, afirmou que o governo do país saudou o anúncio e encorajou as partes a seguir em direção a um acordo permanente que atenda às aspirações do povo congolês por paz e desenvolvimento.

Segundo uma fonte com conhecimento direto das negociações, as conversas em Doha foram consideradas construtivas e abriram caminho para uma nova rodada de discussões nas próximas semanas.


Enquanto isso, Ruanda continua a negar envolvimento militar no conflito, mas reforça preocupações com milícias Hutu na RDC, ligadas ao genocídio de 1994 no país. Os Estados Unidos já pediram a retirada de tropas ruandesas do território congolês.

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  • Giovanne Ramos

    Jornalista multimídia formado pela UNESP. Atua com gestão e produção de conteúdos para redes sociais. Enxerga na comunicação um papel emancipatório quando exercida com responsabilidade, criticidade, paixão e representatividade.

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