Continente tem as nações com maiores taxas de natalidade e otimismo do mundo, segundo pesquisa sobre felicidade da ONU. O texto relaciona juventude com otimismo
Texto / Solon Neto
Ilustração / Alma Preta
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O World Happiness Report é uma pesquisa que lista os países de acordo com o nível de felicidade que apresentam. A pesquissa é realizada por uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU). O documento estabelece 6 critérios para decidir quais são os países mais felizes. Estes critérios são liberdade, generosidade, boa governança, suporte social, renda e acesso à saúde.
Dos 144 páises que fizeram parte da pesquisa, 44 são africanos. A análise é realizada desde 2002, e esse ano marca uma tentativa de olhar mais aprofundado sobre a África. Hoje, segundo o documento, a África é a casa de 16% da população do mundo, porém a falta de infra-estrutura e governos autoritários em muitas nações são apontados como fatores determinantes para a má colocação que os países do continente apresentam no ranking. Os países africanos estão entre os menos felizes, segundo a pesquisa.
Uma pesquisa dos anos 1970, na Nigéria ainda recém liberta do colonialismo, mostra que a esperança por mudanças captada pelos pesquisadores na população não foi atentida. “A expectativa dos africanos de que seus países floresceriam sob governos próprios e democracia parece não ter sido satisfeita”, diz o documento, que analisou diversos países que deixaram de ser colônia há pouco tempo. Segundo o texto, é possível que parte dessa infelicidade pode vir da desapontamento com as poucas mudanças. Mesmo assim, a pesquisa mostra que os países mantiveram fé na democracia ao mesmo tempo que são críticos aos governantes. Apesar de citar o colonialismo pouco se fala sobre as consequências desse período sobre as populações do continente.
Resiliência, juventude e otimismo
No entanto, um fato curioso surge do documento. Um dos pontos analisados em relação aos países listados pela agência da ONU, é uma comparação entre as expectativas das pessoas sobre o presente e sobre o futuro. Como exemplo, os pesquisadores citam uma pesquisa internacional realizada em 2016 com países população numerosa, como a China e os Estados Unidos. A pesquisa mostrou a Nigéria em primeiro lugar com larga vantagem e uma média que apesar de crescente, parece se manter a mesma ao longo das décadas. Porém, o grande otimismo nigeriano só é excepcional em relação ao resto do mundo, pois em comparação com os países africanos é relativamente comum.
A pesquisa mostra que a taxa de otimismo africana é uma característica da população dos países em geral. Para os pesquisadores, a capacidade da população dos países africanos de sentir otimismo seria uma ferramenta desenvolvida pelas pessoas para suportar os problemas e para pensar um projeto de futuro. As várias nações africanas que apresentam alto grau de otimismo também mostram esse fator maior entre os jovens, um setor que faz o continente se destacar ainda mais.
A África tem a maior taxa de natalidade do mundo, o dobro da taxa de crescimento do segundo colocado, a América Latina. Há grandes expectativas dos governantes do continente sobre esse fato, pois a força de trabalho africana se expandirá muito mais rápido do que nos outros continentes. Cerca de 78% dos cidadãos do continente vivem em países cuja transição demográfica ainda não chegou a uma taxa de nascimento menor que a taxa de mortalidade. Os 10 países com as maiores taxas de fertilidade são africanos.
Apesar de os dados apresentarem um quadro de maior dificuldade para os países com mais jovens conseguirem manter padrões de vida mais altos, são esses jovens o principal motor do otimismo, e ao mesmo tempo da manutenção da perspectiva de futuro na África, onde a vida e a esperança continuam pulsando em uníssono.