Na última quarta-feira (2), foi aprovada uma resolução pela Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU) – em reunião de caráter emergencial –que condena a invasão russa contra a Ucrânia. Dentre os 181 países que votaram na reunião a favor ou contra a medida, grande parte das abstenções foram de países africanos.
Entre as nações que se abstiveram da decisão, 17 são africanas. Foram Argélia, Angola, Burundi, República Centro-Africana, Congo, Guiné-Equatorial, Madagascar, Mali, Moçambique, Namíbia, Senegal, África do Sul, Sudão do Sul, Sudão, Uganda, Tanzânia e Zimbábue.
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O documento da resolução pede o fim da guerra no Leste Europeu e a retirada imediata das tropas russas na Ucrânia. A Eritreia foi o único país africano que abertamente votou contra a minuta, juntando-se à decisão também tomada por Belarus, Coreia do Norte, Síria e a própria Rússia.
Para a aprovação do texto, foi necessário a decisão favorável de dois terços dos países votantes. Dentro dos 141 países que votaram a favor, estavam 28 nações africanas, como Quênia, Gabão e Gana, três países que fazem parte do colegiado do Conselho de Segurança da ONU.
Painel de votação dos países sobre resolução contra guerra na Ucrânia | Crédito: Reprodução/ Youtube ONU
Justificativa dos votos
Durante a sessão da Assembleia-Geral, a representante permanente da África do Sul nas Nações Unidas, embaixadora Mathu Joyini justificou a abstenção de seu país por considerarem que a resolução não cria um ambiente propício à diplomacia, ao diálogo e à mediação.
“As Nações Unidas, portanto, devem tomar decisões e ações que levem a um resultado construtivo que conduza à criação de uma paz sustentável entre as partes. Embora concordemos e apoiemos os esforços envidados pelos Estados-Membros para chamar a atenção da comunidade internacional para a situação na Ucrânia, a África do Sul considera que deveria ter sido dada maior atenção à aproximação das partes ao diálogo”, declara.
Ainda de acordo com a embaixadora, para a África do Sul, o texto em sua forma atual poderia criar uma divisão mais profunda entre as partes, em vez de contribuir para a resolução do conflito e explica que o país africano preferia um processo aberto e transparente para negociar a resolução.
“Entende-se que uma das causas profundas do conflito está relacionada às preocupações de segurança das partes. Isso deveria ter sido abordado na resolução”, pontua.
As alegações de racismo e de tratamento discriminatório dirigido a refugiados africanos desde o início da guerra também foram um dos pontos de justificativa na votação. Durante pronunciamento, representante da Eritreia, Amanuel Giorgio, disse ser contrário à “internacionalização do território e imposição de sanções unilaterais que podem escalar a situação e deploram o diálogo internacional”.
Além disso, o representante do país pontuou os problemas que cidadãos africanos estão enfrentando ao tentarem sair da Ucrânia e reforçou querer “ver que as portas da diplomacia continuam abertas”.
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