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Ruanda: Kagame mantém poder com resultados controversos nas eleições presidenciais

Ativistas de direitos humanos apontaram a reeleição como uma evidência da falta de democracia em Ruanda
Kagame enfrenta críticas por sua falta de abertura democrática, com ativistas e opositores acusando-o de governar em um ambiente de medo.

Foto: Brian Inganga/AP Photo

12 de agosto de 2024

Neste domingo (11), Ruanda assistiu à posse do presidente Paul Kagame após obter mais de 99% dos votos nas eleições de julho. Vários chefes de Estado e dignitários africanos compareceram à cerimônia de posse na capital, Kigali. Entre os presentes estavam os presidentes de Angola, João Lourenço, e de Moçambique, Filipe Nyusi, além do primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada.

A reeleição de Paul Kagame no pleito de 15 de julho era esperada, principalmente devido a seu controle firme sobre o país desde o genocídio de 1994. De acordo com a comissão eleitoral, Kagame venceu com 99,18% dos votos, um resultado que ativistas de direitos humanos apontaram como uma evidência da falta de democracia em Ruanda.

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Após atingir o limite de dois mandatos de sete anos, Kagame pôde se candidatar novamente em 2017 devido a uma polêmica alteração constitucional feita dois anos antes, que estabeleceu um mandato de cinco anos, com o máximo de dois mandatos. Essa mudança pode permitir que ele permaneça no poder até 2034.

Reeleição é considerada antidemocrática

Paul Kagame é considerado o líder do Ruanda desde julho de 1994, quando ele e a Frente Patriótica Ruandesa (RPF) derrubaram o governo extremista Hutu, fato que resultou na morte de mais de 800 mil membros da minoria Tutsi, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

Embora seja creditado pela notável recuperação econômica do país desde então, Kagame também enfrenta críticas por sua falta de abertura democrática, com ativistas e opositores acusando-o de governar em um ambiente de medo, intimidação, detenções arbitrárias, sequestros e assassinatos.

Apenas dois candidatos foram autorizados a concorrer contra ele nas eleições de julho, enquanto outros seis, incluindo alguns dos críticos mais ferrenhos de Kagame, foram impedidos de participar. Frank Habineza, líder do único partido de oposição permitido (o Partido Democrático Verde, DGPR), e o candidato independente Philippe Mpayimana obtiveram 0,50% e 0,32% dos votos, respectivamente.

Com 65% da população com menos de 30 anos, a maioria dos ruandeses só conheceu Paul Kagame como presidente, que venceu todas as eleições presidenciais que disputou com mais de 93% dos votos.

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  • Caroline Nunes

    Jornalista, pós-graduada em Linguística, com MBA em Comunicação e Marketing. Candomblecista, membro da diretoria de ONG que protege mulheres caiçaras, escreve sobre violência de gênero, religiões de matriz africana e comportamento.

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