A escritora Paulina Chiziane, uma das principais vozes da literatura afrolusófona, denunciou que ela e sua equipe foram agredidas de forma física e psicológica por seguranças de uma igreja evangélica situada em Maputo, capital de Moçambique, seu país natal.
O caso ocorreu no domingo (28), quando Chiziane realizava uma gravação para um videoclipe nas imediações da Igreja Divina Esperança. Segundo a intelectual, a equipe desenvolviaum trabalho sobre colonização religiosa quando foi surpreendida pelos religiosos, que a acusaram de praticar bruxaria.
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Os seguranças do local teriam se aproximado do grupo, dizendo que não era permitido registrar imagens ali e que seria necessário ir a um posto policial para resolver a situação. Além disso, a mando do responsável pelo templo religioso, eles tiraram fotografias da escritora.
“Tiraram as minhas imagens com que fim? Confiscaram o meu telefone celular. Quem são eles para fazerem isso? O Eduardo Salmo, nosso Mestre das Palavras, foi gravemente agredido. O meu assessor Vieira Mário apertaram-lhe o pescoço, quase que eu ia morrendo ao ver aquela coisa horrível. O Job, nosso amigo que está doente, foi maltratado”, mencionou Paulina Chiziane em vídeo que circula nas redes sociais.
“Quem são eles para me impedir de fazer imagens nas ruas do meu país? E por que agrediram essas crianças maravilhosas que comigo trabalham? O que querem fazer com as imagens que tiraram de mim? É muito triste o que aconteceu. Sofri racismo, agressão psicológica”, lamentou a escritora.
O caso foi submetido às autoridades policiais, que, segundo a assessoria da artista, presenciaram as agressões e não reagiram.
Paulina Chiziane é conhecida por ser a primeira mulher moçambicana a publicar um romance. Sua obra literária é marcada por questões sociais, culturais e de gênero.
O livro “Balada de Amor ao Vento”, que explora a complexidade feminina, está entre as obras classificadas como leituras obrigatórias da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) entre 2026 e 2028.
No vestibular da Unicamp, a obra “Niketche – Uma História de Poligamia” também deve ser estudada por jovens universitários até 2025. O mesmo livro também é exigido na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e na Universidade Estadual de Londrina (UEL).