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Única quilombola na COP25 exige investimento para participação de comunidades tradicionais

6 de dezembro de 2019

Luceli Morais Pio, coordenadora da Articulação Pacari de Plantas Medicinais, concedeu entrevista exclusiva ao Alma Preta durante sua participação no evento da ONU

Texto: Nataly Simões, de São Paulo (SP) e Pedro Borges, de Madri (Espanha) | Edição: Simone Freire

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Mais de 80% dos territórios de biodiversidade do planeta é preservado por comunidades tradicionais, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Os povos quilombolas, no entanto, ainda não estão no centro deste debate a nível mundial.

Apesar de existirem mais de 3 mil comunidades quilombolas reconhecidas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em todo o território brasileiro, Liceli Morais Pio, coordenadora da Articulação Pacari de Plantas Medicinais, é a única quilombola presente na Cúpula do Clima (COP 25) deste ano.

O encontro acontece em Madri, na Espanha, até 13 de dezembro e reúne cerca de 30 mil pessoas de quase 200 países para discutir as mudanças climáticas. Para ela, os quilombolas precisam de investimento para estar em maioria na próxima edição da COP 25.

“É um espaço importante para trazermos nosso conhecimento sobre os biomas e para se fazer notar que o Brasil é mais do que a Mata Atlântica. O cerrado e a caatinga estão sendo explorados e também precisam de atenção”, alerta.

Desafios

A exploração do cerrado brasileiro por parte do agronegócio coloca em risco a sobrevivência de povos tradicionais. Luceli pontua que há uma preocupação muito grande com este ecossistema, uma vez que as comunidades tradicionais precisam do bioma preservado para sobreviver.

“A exploração do agronegócio faz com que muitas espécies de plantas medicinais desapareçam e é a nossa fonte de renda”, conta.

Luceli Morais Pio é do Quilombo do Cedro, localizado no município de Mineiros, em Goiás. A economia da comunidade quilombola é movimentada pelo cultivo de plantas medicinais.

Um dos desafios dos moradores do quilombo atualmente é ter autonomia para realizar suas atividades sem a interferência de grandes empresas.

“Queremos melhorar a geração de renda dentro da comunidade, mas sem abrir mão da política do nosso território, que não degrada o meio ambiente. Precisamos ter acesso a incentivos governamentais e caminhar sem o agronegócio, pois não traz benefícios para o nosso povo”, explica.

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