Texto: Laís Semis, para o Mês da Cultura Hip Hop Centro / Foto: Vinicius Martins
Baixada do Glicério recebeu seis horas de atividades culturais no primeiro dia de programação
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28 de fevereiro – No cruzamento da Rua São Paulo com a Rua Sinimbu, na Baixada do Glicério, o trânsito foi interditado pra receber o primeiro dia de atividades do Mês da Cultura Hip Hip do Centro de São Paulo. A celebração de abertura do evento reuniu cerca de 20 atrações em seis horas de atividades.
O evento começou com discotecagem, grafitti e improvisos. Getô, o haitiano, foi o primeiro a assumir o microfone. Logo após, subiram no palco Fino DFlow, Xandão Cruz, Tiely Queen, Pretologia e Livia Cruz, que dividiu sua apresentação com Brisa Flow. E, empunhando livros como armas para questionar os estereótipos, Banks e Cérebro da Back Spin Crew trouxeram a poesia falada (Spoken Word) dos Slans. A discotecagem ficou por conta do DJ Edi e do DJ MS Pretologia.
A Cypher de Breaking reuniu não só as atrações Catatau, Aranha, Major, Ingrid e Tsunami All Stars, como foi tomada pela criançada que também arriscou alguns passos na roda. Enquanto isso, o graffiti rolava pelos muros e paredes dos casarões nas proximidades com Tota, Nene Surreal, e Oxil.
Como centro expandido, o Glicério interlocuta com o tema que guia o Mês do Hip Hop: a Diáspora Africana. Nas diásporas cotidianas que guiam a cidade, a região é uma das muitas negligenciadas pelo entorno. “Esse local foi escolhido para a abertura devido ao fato de ser um local muito carente aqui no Centro. Uma das partes mais pobres do Glicério, essa é uma das ruas mais carentes”, explica Parça JD, membro da produção do evento, nascido e criado nessa Baixada. “Aqui, as crianças não tem nada para curtir. Elas inventam, correm pra lá e pra cá, se arriscam no meio da rua, no trânsito, porque não tem uma distração. A gente trazendo esse evento já pega a atenção da molecada e mostra também uma outra opção de vida, porque o Hip Hop é um estilo de vida”, continua JD.
Para ele, as expectativas para o Mês da Cultura Hip Hop são as melhores possíveis. “A pessoa que não tem nada em mente, ela está sujeita às piores coisas que aparecerem pra ela. O Hip Hop é importante porque ele resgata quatro opções: o breaking, o DJ, o MC e o grafitti. A criança, se ela não gostar do rap, ela vai gostar da pintura ou da dança… A cultura, assim como o esporte, é importante. É uma porta que pode abrir várias”, reflete JD.
Amarilda Aparecida, moradora da região, concorda. “É uma coisa diferente, que envolve bastante a comunidade. Aqui não dá muito para as crianças ficarem brincando e quando tem eventos assim, fecha a rua e fica uma área para elas se divertirem”, ela diz. “Se tiver outras atividades assim, eu com certeza vou participar. Se tivessem mais eventos assim, seria melhor. A gente agradece. Quanto mais tiver, melhor”.
Confira a cobertura fotográfica:
O Mês da Cultura Hip Hop Centro segue até o dia 15 de abril. Para acompanhar a programação, siga a página do evento no Facebook em: www.facebook.com/meshiphopsp