Coletivo tem um histórico de resistência dentro e fora da universidade. O grupo foi o anfitrião do Encontro Nacional de Estudantes e Coletivos Universitários Negros (EECUN), em maio de 2016, quando a UFRJ recebeu mais de 2 mil estudantes.
Texto / Pedro Borges
Edição de Imagem / Pedro Borges
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No dia 13 de Abril, quinta-feira, o Coletivo Negro Carolina de Jesus comemora o aniversário de 3 anos do grupo. Das 16h às 20h, o Centro Afro Carioca de Cinema, localizado na Rua Joaquim Silva, 40, recebe o festival de cinema com a exibição de curtas metragem. Uma roda de samba, organizada pelos músicos do Quintal de Maria, encerra a festa.
A programação, composta por 6 filmes dirigidos por cineastas negros, visa valorizar a produção audiovisual de pretas e pretos. Um dos curtas a ser exibido, Siyanda, que em Zulu significa nós estamos crescendo, foi vencedor do prêmio de melhor roteiro e alcançou o lugar de 3° melhor filme no Festival 72horas, em junho de 2016.
Durante toda a atividade, o Mercado de Bititas organizada uma feira e oferece ao público roupas, bijuterias, comidas e bebidas.
Coletivo Carolina Maria de Jesus, história de luta
Criado em 16 de Março de 2014, o grupo, formado por alunos negros cotistas e não cotistas, nasceu em homenagem à Cláudia Silva Ferreira, arrastada por uma viatura da polícia militar do estado. “Já havia uma articulação, mas sem organicidade. A morte da Cláudia foi o estopim. O coletivo já nasce com vistas para fora da universidade”, contam os estudantes.
Entre as bandeiras do Carolina, estão o combate à evasão de estudantes negros, a luta contra o epistemicídio e o enegrecimento da academia. “A trajetória do Carolina está muito no campo do enfrentamento e do apoio à assistência estudantil. Buscamos apontar a falta de vontade política da universidade, que pode ser apontada sim como racismo institucional, e batalhamos para sermos visíveis nesse espaço”, explica o Coletivo.
E ao longo desses três anos de existência, o coletivo acumula algumas conquistas dentro da UFRJ. Em julho de 2016, diversos estudantes da UFRJ, entre eles integrantes do Carolina de Jesus, ocuparam o prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no movimento chamado de OcupaIfcs. Algumas das pautas exigidas eram as cotas na pós-graduação e o funcionamento do restaurante universitário no instituto, serviço antes restrito ao Campus da Fundão, zona norte do Rio de Janeiro.
A luta gerou avanços em ambas as demandas. Hoje, os alunos do IFCS e dos prédios do centro da UFRJ têm direito ao restaurante universitário. E em 16 dezembro de 2016, o Grupo de Trabalho do Conselho de Ensino para Graduados (CEPG) aprovou uma manifestação favorável à adoção de políticas afirmativas na pós. Até 2015, apenas as formações de Antropologia Social do Museu Nacional e História Comparada ofereciam cotas nos seus processos seletivos. A projeção para 2018 são de 10 cursos com essa característica.
Aniversário de 2 anos do Coletivo Negro Carolina de Jesus
Outra grande conquista aconteceu no ano de 2016, entre os dias 13 e 15 de Maio, quando o Coletivo Carolina de Jesus foi ator central na construção do Encontro Nacional de Estudantes e Coletivos Universitários Negros (EECUN). Enquanto grupo anfitrião, o Carolina trabalhou de maneira direta para receber cerca de 2 mil estudantes negros de todo o país. Destaque para a construção do evento, feita de maneira independente e autônoma pelos organizadores dos diferentes estados do país.
Mais do que isso, o coletivo se propõe a ser um espaço de acolhimento para a comunidade negra de dentro da universidade, composta por estudantes, professores e funcionários, e atua como um agente de contato com pretas e pretos de fora do universo acadêmico.
Esse olhar para fora se materializa nas ações do Coletivo Negro Carolina de Jesus, como a participação na Marcha Internacional contra o Genocídio do Povo Preto, em 2016, e a campanha para o financiamento da Associação de Mulheres de Ação e Reação (AMAR).
Para o grupo, os planos futuros do Carolina são de natureza individual e coletiva. “Temos consciência que as nossas trajetórias acadêmicas são importantes. Que cada membro do coletivo consiga trilhar a sua vida acadêmica, sem esquecer do todo. Que a gente saia com diploma e com sanidade. Outra responsabilidade trabalhada no espaço é trazer para perto novos estudantes e que eles tomem para si a responsabilidade de perpetuar a iniciativa do Carolina”.
Confira a programação completa:
16h – Mercado das Bititas
17h – 17h50 – Negros Dizeres
17h50 – 18h10 – Quijaua
18h10 – 18h30 – Quilombo da Caçandoca
18h30 – 18h50 – Siyanda
18h50 – 19h10 – O Lá e o Aqui
19h10 – 19h40 – Kbela
20h – Quintal de Maria