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Coletivo Negro da USP de Ribeirão Preto organiza seminário sobre racismo

4 de novembro de 2016

Texto: Pedro Borges / Imagem: Divulgação

Evento acontece um ano depois de pichações racistas nos banheiros da universidade

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Entre os dias 9 e 10 de Novembro, o Coletivo Negro da USP de Ribeirão Preto promove o Seminário: Racismo e as Instituições. As atividades acontecem na Faculdade de Direito, na Avenida Bandeirantes, 3900, e as inscrições podem ser feitas pela internet até o dia 8. Caso ainda restem vagas, os interessados poderão se inscrever durante o encontro.

No dia 14 de Outubro de 2015, pichações racistas foram encontradas em um dos banheiros masculinos da unidade. Na época, os estudantes negros preparam uma série de protestos contra o ocorrido. A resposta às denúncias por parte da sociedade foi ainda mais violenta, com a exposição das integrantes do coletivo nas redes sociais.

Eliane Dias

A Faculdade de Direito de Ribeirão Preto se colocou a disposição para colaborar com a construção do evento desde o início. Apesar das promessas e da confirmação da atividade, muitas dificuldades foram postas ao longo do processo, relata o Coletivo Negro. “Somente agora, há pouco mais de 2 semanas que obtivemos, após uma desgastante reunião com o diretor da Unidade, a liberação da verba que faz parte do apoio que nos foi prometida há um ano atrás. Com pouco tempo, vinculação do dinheiro à normativas internas, calendário da Faculdade comprometido e outros entraves burocráticos, encontramos algumas dificuldades para a realização do Seminário”.

Mesmo depois das ofensas racistas e de todas as denúncias, os estudantes percebem pouca mudança concreta dentro da universidade acerca do racismo. “Muitos docentes da faculdade ainda não admitem o confronto de seus posicionamentos dentro e fora de sala de aula. Ainda existe um atraso muito grande no que se refere a compreensão do racismo institucional e seus efeitos sobre os estudantes negros por parte dos docentes e da Diretoria de Faculdade”.

A programação tem início no dia 9 de Novembro, a partir das 19h, com o debate “Presença negra na universidade: experiências e desafios”. A mesa conta com a participação de integrantes do Coletivo Negro Kimpa, UNESP-Bauru, e do AfroMack, grupos que também se depararam com pichações em suas unidades. A proposta é dialogar sobre os desafios dos estudantes negros e pensar em soluções conjuntas para enfrentar a situação. O Coletivo Negro da USP de Ribeirão Preto destaca a importância de dialogar com estudantes negros de outras universidades. “É importante para a percepção de que a ausencia e a falta de eficacia das respostas institucionais é algo sistematico entre isntituições de ensino superior. Tendo essa sistematicidade cabe a nós criarmos uma rede de enfrentamento”.

No dia seguinte, a partir das 10h, acontece a abertura oficial do encontro, com a colocação de uma placa em frente ao banheiro pichado e com a divulgação do resultado da sindicância instaurada pela universidade para investigar os crimes. De acordo com o Coletivo Negro, a Comissão Sindicante foi fundamental no processo, mesmo que os trabalhos ainda não tenham sido concluídos. “Os esforços da Comissão, inteiramente acompanhada por integrantes do Coletivo Negro, foram essenciais para o comprometimento da Faculdade em relação ao apoio da realização do Seminário: Racismo e as Instituições”.

Yzalú

Às 16h, a mesa “Mulheres Negras: da existência à resistência” conta com a participação de Eliane Dias, responsável pela produtora Boogie Naipe e coordenadora do SOS Racismo da Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), Yzalú, rapper, e Cinthia Catoia, integrante do Coletivo Negro da USP de Ribeirão Preto. A ideia é discutir o espaço dado pela branquitude às mulheres negras e o seu potencial político de libertadoras do povo preto. Durante o processo, as mulheres negras foram os principais alvos das ofensas racistas e as protagonistas na organização do Seminário. “Depois da intervenção que fizemos em sala de aula, quem foram expostas nas redes sociais foram mulheres negras do coletivo , até mesmo depois no acompanhamento da sindicância foram mulheres negras  que acompanharam e a organização e o pensamento deste seminário está sendo feito exclusivamente por mulheres negras”.

No início da noite, às 19h, Caroline Amanda Lopes Borges, integrante do Coletivo Negro Carolina de Jesus da UFRJ, Thula Pires, mestra em direito pela PUC-Rio, e Poliana Kamalu, estudante de direito da USP de Ribeirão Preto, discutem o genocídio do povo negro. A ideia é refletir sobre a seletividade do Estado contra a comunidade negra e o papel de uma faculdade de direito nesse contexto. O Coletivo destaca a necessidade de disputar a produção de conhecimento como formas de enfrentar o genocídio em uma faculdade de direito. “Pautar isso em uma faculdade de direito é importante para  disputar com as pessoas que futuramente vão compor e já compoem os quadros do judiciario brasileiro. Além disso, é uma reflexão interna dos membros do coletivo lembrando-nos que não estamos aqui dentro disputando esse espaço apenas por e para nós”.

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