Texto: Pedro Borges / Fotos: Solon Neto / Edição de Imagem: Vinicius de Almeida
Atividade foi organizada pela Frente de Mídias Negras de São Paulo e o Celacc/USP
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Entre os dias 15 e 16 de julho, o curso Mídias Negras e a Democratização da Informação aconteceu em São Paulo, no campus do Butantã da USP. O evento foi organizado pela Frente de Mídias Negras da cidade e o Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação (Celacc-USP).
A abertura do encontro ocorreu na sexta-feira à noite com uma reflexão coordenada pela professora Rosane Borges e pelos docentes Dennis de Oliveira e Ricardo Alexino sobre histórico das mídias negras no país. Rosane destacou a importância de refletir sobre qual deve ser o papel das mídias negras em uma sociedade como a nossa. Para ela, há uma necessidade de se opor de maneira estrutural ao racismo no Brasil.
O professor de educomunicação Ricardo Alexino questionou a construção da pauta das mídias negras. Para ele, mais do que denunciar os casos de racismo, as mídias negras devem apresentar uma agenda propositiva e trabalhar no fortalecimento da autoestima de pretas e pretos. Dennis de Oliveira apresentou os principais jornais negros da história, como o Clarim da Alvorada, o Homem de Cor e a Voz da Raça. Conhecer esses canais serve como base para a atuação política dos novos portais de mídia negra, de acordo com Dennis.
As mídias negras hoje e as ferramentas de comunicação
Às 8h do sábado, Jéssica Moreira e Semayat Oliveira do Nós, Mulheres da Periferia, juntas de Pedro Borges e Solon Neto do Alma Preta, apresentaram um panorama atual das mídias negras. Jéssica reafirmou a potencialidade desses canais de comunicação para o resgate e a manutenção da memória de negras e negros. Semayat explicou a necessidade de somar aos recortes de gênero e raça, um olhar específico para a divisão geográfica da cidade e para as pautas periféricas.
Pedro tratou sobre a ótima oportunidade histórica oferecida às mídias negras por conta da popularização de técnicas e ferramentas, como os aparelhos celulares. Solon deu destaque para a atuação das mídias negras dentro de uma sociedade midiatizada e a partir do conceito de economia criativa.
Na sequência, depois do almoço, tiveram início as apresentações de ferramentas de comunicação. Antonio Carlos, webmaster do Geledés, apresentou dicas para a construção de sites, assim como números sobre as diferentes empresas no ramo. Tiago Pimentel da Revista Fórum detalhou as técnicas de busca para que o conteúdo produzido por comunicadores negros fique melhor ranqueado em sites como o Google.
Vinicius de Almeida, também integrante do Alma Preta, explicou algumas técnicas para a edição de imagens e vídeos. Desde o modo de usar os programas Adobe Photoshop e Premiere até alguns efeitos para transformar fotos em imagens mais chamativas.
Semayat e Jéssica coordenaram também uma oficina de texto, com indicações para a construção de matérias jornalísticas sem o preconceito de classe, raça e gênero a partir de alguns manuais disponíveis na internet.
Por fim, Vanessa Martina Silva, jornalista da Revista Samuel, e Mayara Penina, também co-fundadora do Nós, Mulheres da Periferia, ministraram a oficina de redes sociais. Além de contarem as especificidades das principais plataformas existentes, as duas focaram em trazer a tona alguns detalhes em torno do Facebook.
Planejamento futuro
O curso foi avaliado de maneira positiva pelos participantes, que sentiram a necessidade de mais tempo para cada atividade. A proposta é que em breve novos cursos sejam ofertados de maneira mais completa, assim como encontros focados para discutir um único ponto, como as ferramentas de busca e a edição de vídeos.