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Debate sobre racismo e periferia tem presença de Fernando Haddad

7 de junho de 2016

Texto: Dennis de Oliveira / Foto: Télia Lopes / Edição de Imagem: Pedro Borges

A Rede Antirracista Quilombação e o Coletivo São Mateus em Movimento realizaram uma roda de conversa no dia 14 de maio, no bairro de São Mateus, zona leste da cidade de São Paulo. Participaram mais de 50 pessoas para discutir o tema: “A democracia não chegou na periferia”.

Em determinado momento, a roda recebeu a visita do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Ele estava acompanhado de Cláudio Aparecido da Silva, coordenador de políticas da juventude do município de São Paulo. O prefeito e o coordenador ficaram quase até o final das discussões. 

Aluizio Marino, do São Mateus em Movimento, fez a mediação visual da roda, colocando na lousa branca as principais idéias que eram expressas pelos presentes. Télia Lopes, da Quilombação, fez a mediação da conversa.

Primeiramente, foi lido o manifesto da Rede Quilombação contra o golpe (LINKAR AQUI). Todos os presentes consideram que o momento atual do Brasil é muito complicado com reversões de direitos conquistados e a perspectiva de um recrudescimento da violência na periferia e contra os movimentos sociais, principalmente com a ida do ex-secretário da segurança de São Paulo, Alexandre Moraes, para o ministério da Justiça.

Aluízio Marino, do São Mateus em Movimento, fez a mediação “visual” da roda. (Foto: Télia Lopes)

O governo de Temer, fruto de uma articulação golpista midiático-parlamentar-jurídica, tem um nítido programa ultraliberal, priorizando o atendimento das demandas do grande capital transnacional, em especial o rentista e para isto, irá constituir um arranjo institucional que impeça a pressão dos movimentos sociais. Para tanto, extinguiu as pastas mais sensíveis às demandas sociais (Direitos Humanos, Igualdade Racial, Mulheres, entre outras). Ao mesmo tempo, a nomeação de Moraes para o Ministério da Justiça sinaliza que a política para os movimentos sociais será a da repressão.

Os participantes da roda apontam que é necessário que a esquerda se reinvente. As experiências dos coletivos de periferia que articulam ações culturais, políticas e se organizam de forma horizontal, construindo novos protagonismos políticos, culturais e midiáticos necessitam ser valorizadas e mais ouvidas pelas organizações tradicionais do campo progressista.

Participantes da roda afirmam que a esquerda precisa se reinventar para enfrentar o conservadorismo que ganha força. (Foto: Télia Lopes)

Por que isto é importante?

Este novo cenário é produto de alterações profundas na conjuntura social. A primeira delas é o maior acesso a informação e formação.

O acesso maior à informação é uma característica do mundo contemporâneo devido às tecnologias da informação e comunicação desenvolvidas nos últimos tempos. A apropriação destas tecnologias criou a possibilidade de mais pessoas poderem expressar publicamente suas idéias.

Por isto, uma característica fundamental destas novas organizações é que elas se baseiam no compartilhamento de informações. A organização mais horizontalizada não é mero capricho e sim conseqüência deste fluxo de informações que se horizontaliza.

Quanto à formação, é inegável que as políticas públicas mais recentes de expansão da educação superior possibilitaram que mais jovens da periferia ingressassem na universidade. Com isto, a periferia hoje conta com muitos jovens com formação avançada e vários deles ocupando postos importantes nos equipamentos sociais de periferia, como postos de saúde, casas de cultura, escolas, entre outros.

Prefeito de São Paulo Fernando Haddad e coordenador de juventude, Claudio Aparecido, participam da roda de conversa. (Foto: Télia Lopes)

O engajamento na luta pela qualidade das políticas públicas ganha corpo com estes novos atores.

Na roda de conversa do dia 14, vários participantes fizeram análises sofisticadas sobre o cenário da periferia e o funcionamento dos equipamentos sociais. Mais: constataram que é necessário aprofundar a formação política na “quebrada” – lembrando que a politização na periferia é feita no cotidiano, na esquina, nas rodas de conversa entre amigos. E que ainda o poder dos grandes meios de comunicação, em especial a Globo, é imenso e desproporcional ante as várias iniciativas de mídia alternativa que são produzidas pelos coletivos.

Por fim, os participantes também concordaram que é necessário ampliar eventos como este e, para isto, prevê-se a realização de uma “roda de conversa na rua” combinando narrativas políticas e artístico-culturais.

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