Para Hamilton Borges, autor da publicação, nova edição possibilita romper com um sistema literário que não leva em conta a literatura preta
Texto / Simone Freire
Imagem / Divulgação
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O livro “Salvador, cidade túmulo”, de Hamilton Borges, ganhou nova edição. Desta vez, a publicação foi traduzida para o inglês ganhando o título “Salvador, tomb city”. Rompendo barreiras, seu lançamento acontece na próxima quinta-feira (21), na Universidade da Califórnia, e em 28 de fevereiro, no Espaço da Fica / Capoeira, em Washington, ambos nos Estados Unidos.
Os lançamentos serão seguidos de um debate sobre a luta contra o genocídio e o racismo brasileiro; bem como sobre a literatura e o mercado editorial no país desde o fomento, produção, edição, publicação e distribuição de livros. A iniciativa é da Editora Reaja, da articulação de movimentos e comunidades de negros e negras da Bahia, Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto.
Para Hamilton Borges, a tradução de seu livro de contos e seus lançamentos em duas importantes universidades americanas é visto como a possibilidade de romper com um cenário de dependência e espera. “Façamos nós mesmos, por nós, pra nós. Sem ficar de lamentação na internet”, afirma.
O autor
Hamilton Borges dos Santos (Walê) é escritor baiano que se declara como militante de uma literatura preta, quilombista, de combate. Foi um dos fundadores do grupo de intervenção poética “Os Maloqueiros”, que recitava poesia pelas, ruas, bares e periferias de Salvador. Hamilton Borges dedicou muitos anos de sua vida ao teatro e à militância política contra o genocídio e o encarceramento do povo preto.
Em 2017, lançou o livro de poemas “Teoria Geral do Fracasso” pela Editora Reaja, espaço independente de edição de livros, que já havia publicado o título “Escritos de Assata Shakur”, em 2018. Meses depois do mesmo ano, num esforço político de dar prosseguimento a uma literatura preta, autônoma, sem os ranços e sotaques do sul e sudeste brasileiros, Hamilton Borges lançou o livro de contos “Salvador, cidade túmulo” que descortina uma metrópole contemporânea, onde a guerra racial sustenta toda a sorte de sociabilidades.