Serão seis dias de apresentações que têm em comum a ancestralidade. A programação também conta com a exibição de documentário sobre a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Texto e imagem / Divulgação
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Entre os dias 28 de agosto e 2 de setembro (terça-feira a domingo), o Itaú Cultural apresenta, na sua programação cênica, trabalhos que discutem o corpo entre o tradicional e o contemporâneo. Os espetáculos trazem à tona a questão de que o corpo, para além de se fixar em único registro, precisa construir estratégias criativas, seja para investigar as possibilidades da linguagem ou para perpetuar suas tradições.
No primeiro dia, terça-feira (28), às 14h, os três artistas que se apresentam sozinhos durante a programação e que ainda não trabalharam juntos, se encontram para ministrar a Oficina com Orun Santana, Bel Souza e Ana Beatriz Almeida.
Na quarta-feira (29), às 16h é exibido o documentário “Balé de pé no chão: a dança afro de Mercedes Baptista”, das diretoras Lilian Solá Santiago e Marianna Monteiro. O filme aborda a trajetória da primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, abrangendo a origem da dança afro e a atuação da dançarina no Teatro Experimental do Negro – grupo formado por Abdias do Nascimento. Depois da sessão, a diretora conversa com o público.
No mesmo dia, às 20h, o bailarino pernambucano Orun Santana se apresenta em “Meia-Noite com Orun Santana”. Esse solo é sobre a relação de Santana com a figura de Mestre Meia-Noite, seu pai e ganhador do Prêmio Itaú Cultural 30 Anos, no ano passado. É também sobre as relações desses corpos, a fim de conhecê-los, entendê-los e problematizá-los. Um diálogo que o intérprete estabelece entre os processos formativos artísticos do mestre e os seus próprios, abrindo questões sobre a relação do corpo e a memória – enquanto artistas, educadores, negros, periféricos – e uma janela para a relação desafiadora que é a de um pai e um filho nessa construção e compreensão de suas histórias.
Da dança festeira e política ao Butho
Às 14h do dia 31, o elenco do grupo Looping – Bahia Overdub promove oficina com práticas de sensibilização, expansão da escuta, laboratório de criação colaborativa, composição de movimentos e sonoridades. Para participar, basta se inscrever no site do Itaú Cultural entre os dias 24 e 26 de agosto. Os resultados serão divulgados no dia 28.
Às 20h do mesmo dia, mesclando festa, dança e política, os dançarinos Jai Bispo, Jaqueline Elesbão, Leonardo França, Rita Aquino e Talita Gomes sobem ao palco com “Looping – Bahia Overdub”, na quinta (30) e sexta-feira (31). Com direção de Felipe de Assis, Leonardo França e Rita Aquino, a paisagem predominante no espetáculo são as festas do Largo de Salvador e suas contradições. Ele emerge do encontro entre pensamento sonoro e pensamento coreográfico. Looping constitui um estudo do tempo: repetição e acumulação. Movimentos de tensão e distensão da cultura, por meio de procedimentos que organizam sonoridades, corpos e espaços. Assim como nas ruas, o que está em jogo são arranjos coletivos por meio de uma participação estético-política.
No dia 1 de setembro, sábado, às 20h, serão questionados a construção da identidade nacional, tendo o símbolo da passista em mente, e suas negociações entre a sociedade, o corpo da mulher negra, espiritualidade e o carnaval. “Sobre Sacrifício Ritual”, acontece com Ana Beatriz Almeida. A obra é um exercício ético e estético produzido a partir do método corporal criado pela artista após 11 anos de Butoh – dança que surgiu no Japão pós-guerra e ganhou o mundo na década de 1970 –, em parceria com as comunidades do Babá Egun e a Irmandade da Boa Morte. A performer mobiliza a corporeidade negra feminina estabelecida na dicotomia entre sujeito central na resistência e objeto dos mecanismos de manutenção sócios-culturais.
Bel Souza, no domingo (2), às 19h, leva ao espaço do instituto solo concebido em espaço sagrado de recolhimento do candomblé, o roncó. “Odoyá” foi inspirado pelo movimento da maré, em uma sensação de flutuar sem fim, com o corpo envolvido pelas águas que vêm e vão. A figura central é a de Iemanjá e seus aspectos simbólicos, arquetípicos e sensoriais, questionando as fronteiras entre contemporâneo e ancestral, espetáculo e ritual, palco e plateia.
Toda programação possui interpretação em Libras e entrada gratuita.
SERVIÇO:
Dia 29 de agosto (quarta-feira)
Balé de pé no chão: a dança afro de Mercedes Baptista
Direção: Lilian Solá Santiago e Marianna Monteiro
Exibição de filme seguida de bate-papo
Às 16h
Sala Vermelha
70 lugares
Duração: 120 minutos
Classificação indicativa: livre
Meia-Noite com Orun Santana
Com Orun Santana
Às 20h
Sala Itaú Cultural
224 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: livre
Dias 30 e 31 de agosto (quinta-feira e sexta-feira)
Looping: Bahia Overdub
Direção: Felipe de Assis, Leonardo França, Rita Aquino
Às 20h
Sala Multiúso
70 lugares
Duração: 90 minutos
Classificação indicativa: 18 anos
Dia 31 de agosto (sexta-feira)
Oficina Looping: Bahia Overdub
Com Felipe de Assis, Leonardo França, Rita Aquino
Das 14h às 17h
Sala Multiúso
20 lugares
Inscrições no site do Itaú Cultural entre os dias 24 e 26 de agosto. Os resultados serão divulgados no dia 28. Se o inscrito necessitar de algum recurso de acessibilidade, poderá solicitar no formulário
Classificação indicativa: 16 anos
Dia 1 de setembro (sábado)
Sobre o Sacrifício Ritual
Com Ana Beatriz Almeida
Às 20h
Sala Multiúso
70 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação indicativa: 18 anos
Dia 2 de setembro (domingo)
Odoyá
Com Bel Souza
Às 19h
Sala Multiúso
70 lugares
Duração: 32 minutos
Classificação indicativa: livre
Itaú Cultural: Avenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô
Acesso para pessoas com deficiência