O espetáculo cênico-musical contará a história de Itamar Assumpção através de suas músicas
Texto / Lucas Veloso | Edição / Pedro Borges | Imagem / Julia Braga
Em 2019, ano que faria 70 anos, o compositor, cantor, instrumentista Itamar Assumpção ganha o espetáculo ‘Pretoperitamar – O caminho que vai dar aqui’. A filha, Anelis Assumpção, assina a direção junto com Grace Passô. A dramaturgia é de Ana Maria Gonçalves e Grace.
Na obra, uma expedição parte para encontrar Itamar e tentar convencê-lo a voltar para a comemoração de seus 70 anos. A partir desse mote ficcional, uma narrativa relembra e apresenta o músico.
Segundo a descrição do espetáculo, ‘Pretoperitamar’ é uma opereta com uma experiência de música e texto. “É um musical biográfico no sentido mais plural que compete uma biografia. Um drama onde a existência de Itamar se mistura a tantos corpos brasileiros comuns à marginalidade”, diz o texto. “Uma nova forma de ler/ver/escrever o tempo e apresentar a história de um dos maiores poetas negros da cultura contemporânea brasileira”.
“Meu pai era um homem à frente do seu tempo, precursor do que hoje chamamos de música independente brasileira”, relembra Anelis Assumpção. “O espetáculo é um mergulho na ‘textura Itamar’, buscando dimensionar a decisiva contribuição desse artista para a música e cultura brasileiras, através de sua linguagem politizada”, continua a diretora Grace Passô, também responsável pela dramaturgia da peça ao lado de Ana Maria Gonçalves, autora do livro ‘Um Defeito de Cor’.
Neste ano, o Nego Dito, como ficou conhecido, ganhou diversas homenagens, entre elas, um palco especial na Virada Cultural 2019 de São Paulo. Os seus dois primeiros LPs [Beleléu, Leléu e Eu e Às Próprias Custas] foram relançados. Também foi homenageado em um museu virtual e uma festa de aniversário no centro cultural Aparelha Luzia.
O Nego Dito
Francisco José Itamar de Assumpção nasceu em Tietê, SP, em 13 de setembro de 1949. Itamar foi criado pelos avós em um ambiente ligado à música. Aos 12 anos passa a morar com os pais na cidade de Arapongas (PR). O pai, Januário Assumpção, é pai de santo e Itamar toca atabaque nas reuniões religiosas. Nessa cidade passa a juventude, estuda contabilidade, mas não se forma, e aprende a tocar sozinho violão e baixo.
Frequentou a cidade de Londrina (PR) e começa a atuar em peças de teatro e espetáculos musicais, conhecendo Arrigo Barnabé. Em 1973 decide mudar para São Paulo com o objetivo de se dedicar à música.
Em 1975, participa de festival de música em Campinas e sai vitorioso com a canção Luzia. No mesmo ano apresenta com sucesso Nego Dito no festival da Feira da Vila Madalena, bairro de São Paulo. Inicia contato com músicos e artistas que formariam a vanguarda paulistana (ou vanguarda paulista).
Em 1988, grava pelo acordo Continental-Lira Paulistana o disco Intercontinental! Quem Diria! Era Só o que Faltava!, título que alude à participação da gravadora major Continental na produção do trabalho.
Na década de 90, lança pela gravadora independente Baratos Afins a trilogia Bicho de Sete Cabeças acompanhado pela banda Orquídeas do Brasil, formada só por mulheres, e que traz a participação de Tom Zé e Rita Lee.
Em 1995, ganha o prêmio de melhor cantor do ano concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA) e no ano seguinte grava CD em homenagem a Ataulfo Alves, Pra Sempre Agora. Em 1998, lança Pretobrás – Por que Eu Não Pensei Nisso Antes. Produz também os discos das cantoras Fortuna e Alzíra Espíndola.
Faleceu vítima de câncer, em 12 de junho de 2003.
Serviço
Pretoperitamar – O caminho que vai dar aqui | Teatro do SESC Pompéia | 1a Temporada – de 28 de novembro a 15 de dezembro de 2019 – 2a Temporada – de 9 a 19 de janeiro de 2020 | Quinta a sábado, 21h ; Domingo, 18h | Venda online a partir de 19 de novembro, terça-feira, às 12h | Venda presencial nas unidades do Sesc SP a partir de 20 de novembro, quarta-feira, às 17h30 | Classificação indicativa: 16 anos.