‘Lélia Gonzalez – Primavera Para As Rosas Negras’ foi produzido pela União dos Coletivos Panafricanistas (UCPA) com depoimentos, entrevistas e obras textuais
Texto e imagem / Anna Laura Moura
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Aconteceu no domingo (22) o lançamento do livro ‘Lélia Gonzalez – Primavera Para As Rosas Negras’, na Biblioteca Mário de Andrade, na capital paulista. A obra consiste em depoimentos, entrevistas e textos, todos produzidos pela intelectual e ativista negra.
Uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), Lélia Gonzalez militou a favor da valorização da cultura afro e da representatividade negra. A militante e antropóloga faleceu em 10 julho de 1994 por problemas cardíacos, mas sua história e suas bandeiras permanecem vivas.
Participaram da inauguração diversos grupos militantes, incluindo membros do Movimento Negro Unificado. Antes da abertura da mesa, a ativista Lenny Blue leu um texto poético sobre Lélia. Participou da mesa também a ativista e integrante da União dos Coletivos Negros Panafricanistas (UCPA) Wanessa de Souza.
Primeiro livro de Lélia
O livro é uma publicação inédita, pois apesar de existirem seminários e textos diversos sobre a intelectual, nunca havia sido lançado uma obra em primeira pessoa com um compilado de produções suas. A ideia partiu da UCPA (União dos Coletivos Panafricanistas), que editou e organizou o livro.
“Temos como objetivo difundir o pensamento de Lélia, uma das mais sofisticadas e completas ativista do movimento”, afirmou o coletivo, em nota.
“Não tínhamos um livro em primeira pessoa da Lélia, e era essa uma vontade muito profunda minha”, desabafou Raquel Barreto, historiadora e especialista em Lélia Gonzalez, durante sua fala.
“Hoje o livro existe, e estamos muito felizes. Precisamos manter vivos os pensamentos de Lélia, que muito colaboram para a grande luta do movimento negro”, concluiu.
A cultura brasileira e o raciocínio de Lélia
Raquel esteve presente no lançamento. A historiadora diz que Lélia pensava na cultura brasileira como, de fato, uma cultura negra. Esse raciocínio era uma das teorias principais de Lélia, e está presente no livro.
“Se a gente direciona o olhar em determinados pontos da chamada cultura brasileira, a gente sabe que em suas manifestações mais ou menos conscientes, ela revela as marcas da africanidade que a constitui”, diz um dos trechos do livro.
De acordo com a historiadora, Lélia tinha preferência por fazer um paralelo entre a cultura brasileira e a africana.
“É mais um dado importante: toda vez que o brasileiro precisa se definir como brasileiro, ele tende a procurar as raízes da cultura africana. Não é diferente com a mulher negra”, conclui Raquel.
Lélia também focava na situação da mulher negra contemporânea. Barreto explica que, seguindo esse caminho, pode-se falar também da mulher negra nesse processo de formação cultural, assim como diferentes modos de rejeição e integração de seu papel.
Encerramento
O evento foi finalizado com uma intervenção poética da estudante e integrante da UCPA Stefany Amazona e Lua Ayana, que já participou de outros eventos da União e também é slammer.