Texto: Pedro Borges / Edição de Imagem: Pedro Borges
Conversas virtuais também se opõe ao golpe e à PEC 55
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
Em 18 de Novembro de 2015, 30 mil mulheres negras se reuniram em Brasília contra o racismo, machismo, LGBTfobia, genocídio, feminicídio e pelo bem viver. Um ano depois desse marco histórico, as organizadoras do ato preparam uma programação especial de 12h de duração no Facebook para recordar a Marcha e se prepararem para o 20 de Novembro, dia da Consciência Negra.
Juliana Gonçalves, integrante da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (COJIRA) e do Núcleo da Marcha de Mulheres Negras no Estado de São Paulo, ressalta a importância de recordar a manifestação do ano passado. “A gente ainda está colhendo os frutos dessa Marcha. É recordar para não perder esse que é o principal legado, que é essa nossa capacidade de diálogo, de nos reconhecermos umas nas outras, reconhecer nossos pares para conseguirnos avanços. E nesse momento político que a gente vive, de recrudescimento do racismo, do conservadorismo extremo, essas alianças e esses diálogos vão ser cada vez mais importantes para a gente conseguir sobreviver”.
Para ela, o ato demonstrou a força política das mulheres negras na medida em que a Marcha conseguiu construir uma agenda nacional. “Eu acredito muito que o que o movimento de mulheres negras está fazendo aqui no Brasil, nenhum outro movimento fez, que é conseguir colocar as diferenças de lado para uma pauta em comum. Eu não acho que a esquerda fez isso e não acho que o próprio movimento negro como um todo consegue fazer isso também”.
Os temas debatidos durante as atividades virtuais são diversos. Para além das pautas postas na Marcha de 2015, há um posicionamento contrário ao golpe dado contra o governo Dilma Rousseff e um repúdio à PEC 55, que prevê o congelamento dos gastos públicos nos próximos 20 anos.
A vulnerabilidade social da mulher negra é bem expressa no último Mapa da Violência, de 2015. De acordo com os dados, enquanto o número de mulheres brancas assassinadas caiu 10%, o de mulheres negras cresceu 54%. Juliana destaca a necessidade de fortalecer o trabalho de base neste período de recrudescimento do conservadorismo e da violência contra os grupos marginalizados. “A gente vive um movimento político complicado, que as estruturas do governo estão dando as costas para as pautas mais progressistas, então é um momento do movimento negro, do movimento de mulheres negras relembrar a sua importância, olhar para as suas bases e fazer esse trabalho que é tão importante e que muitas vezes, por conta das condições políticas mais favoráveis nos últimos anos, ficou um pouco frouxo”.
A organização pede o uso das tags #EuMulherNegra, #MarchadasMulheresNegras1Ano e #Rumoao20deNovembro como forma de aumentar o impacto nas redes sociais das atividades. Todas as publicações podem ser acompanhadas pela página do Núcleo Impulsor do Estado de São Paulo da Marcha de Mulheres Negras de 2015.
Programação: