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‘Ocupar a rua é fundamental’: exposição transforma RJ em galeria a céu aberto

Exibição de lambe-lambes apresenta obras de cinco artistas indígenas, negros e não-binários; a Alma Preta conversou com dois deles, que comentaram sobre o impacto da arte na rotina urbana
Imagem mostra uma ilustração de duas pessoas indígenas nas praias do Rio de Janeiro, ao lado deles, uma placa diz "Rio de Janeiro Terra Indígena"

Foto: Divulgação

20 de outubro de 2023

Até o dia 13 de novembro, a cidade do Rio de Janeiro recebe o projeto “Mixagens Urbanas”, uma exposição de lambe-lambes que ocupará as ruas da cidade entre os bairros da Gamboa e da Saúde. O ponto de partida escolhido para a exibição é o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), onde os visitantes encontrarão o itinerário completo.

A mostra, que transformará a região portuária em uma galeria a céu aberto, apresenta as obras de cinco artistas indígenas, negros e não-binários que, por meio de vivências decoloniais, redefinem espaços históricos e imagens do universo da história da arte.

Em entrevista à Alma Preta, o artista visual e educador André Vargas fala sobre a importância de moradores da região acessarem produções culturais através do projeto e desconstruírem pensamentos conservadores que dominam o atual cenário político. O artista ocupa o espaço da antiga lavanderia dos escravos no Parque Lage.

“Ocupar os espaços da rua é fundamental para fazer com que a arte ou a produção artística chegue a cada vez mais pessoas, sobretudo aqueles que estão desavisados. O lambe-lambe acessa pessoas que estão na rotina diária, ele quebra com a regra comum dessa rotina, que é o passar de olho sem perceber a vida em volta e, dessa maneira, o desavisado pode ser aquele que é mais conservador”, diz. 

Para Martins Fortunato, multiartista que trabalha com colagem digital, a técnica representa uma visão da estética contemporânea, e seu trabalho, especificamente, reconhece a resistência da cultura preta.

“Nesse sentido, minha obra simboliza a forma como vemos as imagens de arquivos ao enfocar nos aspectos que negligenciamos na história da diáspora africana no Brasil. As colagens se aderem a uma narrativa preta e abrem espaço para novas simbologias e identidades por meio da produção de imagens.”

Ao explicar seu processo de criação das imagens, Fortunato ainda ressalta que o seu objetivo com o projeto é “reconstruir a narrativa partindo das margens pretas, centrando nas experiências de mulheres pretes e corpos no contexto da resistência da Diáspora Africana”.

“Esse processo me proporcionou as ferramentas para desenvolver um estilo de narrativa baseado nas ideias do Afropolitanismo (Mbembe). Ao revisitar as imagens arquivadas, eu pude reorganizar memórias passadas em outras perspectivas, e que ajudam a reescrever novas hipóteses de histórias para as próximas gerações“, compartilha em mensagem escrita. 

O projeto também oferece duas oficinas de lambe-lambe ministradas por Bruna Santos. Os encontros acontecem das 14h às 18h na sala 203 do Centro de Artes Calouste Gulbenkian nos dias 25 de outubro, para crianças e adolescentes de 10 a 17 anos, e no dia 28 de outubro para o público geral. Não é preciso fazer inscrição.

  • Mariane Barbosa

    Curiosa por vocação, é movida pela paixão por música, fotografia e diferentes culturas. Já trabalhou com esporte, tecnologia e América Latina, tema em que descobriu o poder da comunicação como ferramenta de defesa dos direitos humanos, princípio que leva em seu jornalismo antirracista e LGBTQIA+.

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