Sua história e muitas outras estão em Outras Vozes – contos sobre o negro escravizado no Brasil, do autor Plínio Camillo
No dia 20 de agosto, a partir das 13h30, acontece o Sarau Outras Vozes, em Santo André, ABC paulista. A atividade ocorre na Casa da Palavra Mário Quintana, Praça do Carmo, 171. O encontro serve também para divulgar o livro Outras Vozes – contos sobre o negro escravizado no Brasil, do poeta e escritor Plínio Camillo.
Quer receber nossa newsletter?
Você encontrá as notícias mais relevantes sobre e para população negra. Fique por dentro do que está acontecendo!
A obra mistura ficção a fatos reais, em 33 contos, e dá ao negro do período escravocrata uma voz dissonante, situando-o como protagonista, ora o oprimido, ora o opressor. Temas sobre os quais pouco se fala na historiografia oficial, como a grande presença de negros muçulmanos na Bahia, são tratados de forma bastante original.
Em narrativas que muitas vezes flertam com a sonoridade do poema, Camillo transporta o leitor para variados cenários e enredos, desde a vinda nos navios negreiros e o trabalho nas fazendas, passando pelos “negros de estimação”, até os alforriados que trabalhavam nas cidades.
Zulmira, que teve os seus filhos vendidos, Ifigênia, a cozinheira desdentada, João Criolo, o escravo faiscador, Antônio, o negro alforriado são alguns dos personagens do livro, que traz também contos inspirados em fatos reais da história brasileira, como o que relata o flagelo do alufá Bilal Licutan, um dos líderes da Revolta dos malês de 1835, condenado a 24 dias de açoites.
O autor conta que pesquisou por cerca de vinte anos livros e documentos sobre a escravidão. Diz ter encontrado muitos textos importantes, mas nenhum deles trazia o negro como protagonista de sua própria história. “Era apenas a imagem estereotipada do vitimizado em busca de liberdade”, comenta. Há quatro anos, começou a rascunhar as primeiras histórias, mas não se agradou com os resultados.
Em 2013, escreveu Minha Lorinha – texto que mostra relação de apego de uma escrava e sua senhora. Foi aí que encontrou a voz que buscava para os contos que se seguiram. “Dei personalidade, outras facetas, outros olhares, outras vozes, para levar aos leitores boas histórias”, comenta: “São páginas escritas com muita potência e capazes de tornar o autor Plinio Camillo porta-voz de uma etnia que matiza 52% dos brasileiros”, afirma a jornalista e escritora Nanete Neves (jornalista, também atuando também como ghostwriter, coordenadora editorial e preparadora para grandes editoras.), que assina a orelha da obra.
Sobre o autor: Plínio Camillo nasceu em Ribeirão Preto em 1960, reside em São Paulo desde 1984, tendo vivido em Campinas entre 1998 a 2001. Ator, educador social, atuou com crianças e adolescentes de rua e hoje trabalha na área de comunicação.