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Pesquisa “Rés negras, judiciário branco” se torna espetáculo de dança em São Paulo

21 de fevereiro de 2019

Obra traz um debate sobre a interseccionalidade de raça, classe e gênero e o sistema prisional no Brasil

Texto / Redação
Imagem / Armando Lima / [Re]missão

A pesquisa “Rés Negras, Judiciário Branco”, da advogada e pesquisadora Dina Alves, se tornou espetáculo de dança apresentado pela Corpórea Companhia de Corpos. Seguindo o estudo, a obra traz um debate sobre a interseccionalidade de raça, classe e gênero e o sistema prisional no Brasil.

O espetáculo é composto por mulheres negras e demarca sua composição cênica refletindo as estatísticas alarmantes que a autora apresentou em sua pesquisa publicada em 2015. “Esse perfil apresentado é uma reflexão importante porque nos situa no debate sobre feminização da pobreza e racialização da punição destas mulheres. Ou seja, nos faz perceber que, apesar do sistema carcerário ser majoritariamente composto por homens, a população das mulheres negras só aumentou expressivamente nos últimos anos”, diz Dina Alves.

Segundo ela, as estatísticas problematizadas no desfecho do espetáculo refletem a forma cruel e desproporcional da população carcerária como um persistente padrão de racismo antinegro difundido nas instituições de justiça. “O espetáculo consegue traduzir que ser mulher, preta, favelada e pobre demarca um lugar de altíssima vulnerabilidade na justiça criminal”, diz.

O Brasil desponta como terceiro país no ranking de encarceramento no mundo. Este foi um dos motivos que levaram a Corpórea Companhia de Corpos a decidirem pela temática em seu trabalho.

“Ao perceber que o nosso corpo também é sujeito a diversos tipos de aprisionamento cotidianos, apenas por sermos negros, a provocação já está dada em qualquer processo que coloque a nossa vulnerabilidade social em cheque. Partindo desse ponto de vista, provocar e preparar um corpo negro para a cena é entendermos juntos as sensações que esse corpo é submetido a cada experiência social cotidiana, vivida por ele mesmo”, diz William Simplício, integrante do grupo e ator.

Recentemente, o espetáculo foi selecionado como um dos mais importantes projetos de grande relevância política e de qualidade artística para o projeto Rumos do Itaú Cultural com a ocupação “Rés – mulheres em cárceres”.

A ocupação tem Dina Alves como curadora e acontecede em parceria com a Escola Livre de Teatro de Santo André e com o Centro de Referência da Dança da cidade de São Paulo. Além das apresentações do espetáculo “RÉS”, também contempla um show de abertura, quatro apresentações de performances, quatro mesas de diálogos e a criação de dois núcleos de pesquisa continuada com duração de quatro meses. A atividades começaram no dia 18 de fevereiro e vão até está sexta (22).

A entrada será gratuita e os convites serão disponibilizados com meia hora de antecedência na bilheteria de cada espaço.

SERVIÇO

OCUPAÇÃO RÉS – MULHERES EM CÁRCERES
de 18 a 22 de fevereiro de 2019 | gratuito | retirar convite com meia hora de antecedência.
Escola Livre de Teatro de Santo André
Praça Rui Barbosa, 12 – Santa Teresinha, Santo André – SP.
Telefone: 11 4990-4474

21 de fevereiro | Quinta-feira | 19h

Performance: Improvisada desde que nasci.
Artista: Gih Trajano
Depois de contar suas experiências, Gih convida o público a participar da cena. Sempre pede um tema à plateia pra fazer poesia, com isso consegue dar voz e sentimento às dores cotidianas.
1ª MESA – APRECIAÇÃO DO ESPETÁCULO “RÉS”
Convidadas: Dione Carlos, Paula Salles e Shica Silva.
Mediação: Edi Cardoso.
22 de fevereiro | Sexta-feira | 19h
Performance: Um cárcere chamado cultura do estupro: olhar sobre MEU território, MEU corpo.
Artista: Ciça Coutinho.
Solo de dançaperformance sobre assédios! Estudo sobre o corpo da mulher negra a partir da história minha, do meu caminhar na vida, do andar a pé nas ruas; dos atravessamentos que me acontecem. Corpo enquanto casa, território de narrativas próprias! Ação direta diante da tragédia naturalizada pela cultura do estupro. Não quero desviar da calçada porque sou mulher, quero andar por onde eu quiser. Quero estar, ficar quieta sem ser distraída, mais uma vez invadida! Meu protesto frente a sociedade machista que objetifica a mulher, sexualiza os corpos femininos banalizando as relações de gênero. Ficha técnica: Concepção, direção e atuação: Ciça Coutinho | Cenário/ instalação: Ciça Coutinho e Mariana Farcetta | Desenho de luz e operação: Danielle Meireles.

2ª MESA – CORPO-PRISÃO: ESTIGMAS, TRAJETÓRIAS CARCERÁRIAS E ABOLICIONISMO PENAL.
Convidadas: Andreza Delgado, Dina Alves e Neon Cunha.
Mediação: Fernanda Gomes.
SERVIÇO:
OCUPAÇÃO RÉS – MULHERES EM CÁRCERES
de 25 a 28 de fevereiro de 2019 | gratuito | retirar convite com meia hora de antecedência.
CRD – Centro de Referência da Dança da Cidade de São Paulo
Baixos do Viaduto do Chá, s/nº. – Galeria Formosa – Centro – São Paulo – SP
Metrô Anhangabaú – Linha Vermelha – Telefone: 11 3214-3249

25 de fevereiro | Segunda-feira | 19h
Performance: NascEnte.
Artista: Carol Rocha Ewaci.
Quais sensações uma mãe tem ao gerar e ver nascer seu filho num ambiente hospitalar longe de ser humanizado e rodeado por procedimentos violentos e racistas? O que nasce no ventre de uma mulher e mãe negra além do bebê? O espetáculo tem como pesquisa corporal as danças das orixás femininas do candomblé e as histórias de mães pretas e seus partos, como motriz para desenvolvimento de uma dança-performance sobre uma experiência com o parto que parte do corpo da própria intérprete. Trazer ao palco essas angústias é dar voz a diversos corpos femininos calados pela violência obstétrica.

1ª MESA – ADOECIMENTO E MORTES NO CÁRCERE: UM DEBATE SOBRE SAÚDE DA MULHER NEGRA ENCARCERADA.
Convidadas: Andrea Arruda, Lucia Xavier e Lucila Faustino.
Mediação: Suzane Pereira da Silva.

26 de fevereiro | Terça-feira | 19h
ESPETÁCULO “RÉS”

27 de fevereiro | Quarta-feira | 19h
Performance: Mãe Ancestral.
Artista: Joyce Barbosa.
Cena atemporal da mãe que mata e enterra seus filhos como tentativa de livrá-los da escravidão. Fragmento do espetáculo “Alguma coisa a ver com uma Missão” da Cia Os Crespos.

2ª MESA – QUANTO VALE OU É POR KILO – EVIDENCIAR CORPOS EM AÇÕES E SUAS CONDIÇÕES NAS PRODUÇÕES ARTÍSTICAS CONTEMPOR NEAS.
Convidadas: Erica Malunguinho, Linda Marxs (Luanna Teofillo) e Maitê Freitas.
Mediação: Sandra Campos.

28 de fevereiro | Quinta-feira | 19h
ESPETÁCULO “RÉS”

NÚCLEO DE PESQUISA CONTINUADA:
DO CORPO DIARIAMENTE ENCARCERADO E A URGÊNCIA PELO MOVIMENTO.
Das experiências individuais que são expostas aos nossos corpos, nos cabe pensar o que elas fazem de nós e assim protagonizarmos o cotidiano da nossa própria história. Partindo desta reflexão, a Corpórea Companhia de Corpos vem compartilhar suas práticas corporais com outros corpos e suas urgências. Cada núcleo terá um total de 16 encontros, com duração de 3 horas por semana e será conduzido por Verônica Santos e William Simplício, integrantes da companhia, que compartilharão suas experiências e farão provocações sobre temas pré-estabelecidos e/ou indicados durante os próprios encontros.
Público Alvo: Mulheres Cis ou Trans Negras: artistas, estudantes, pesquisadoras sobre o tema do encarceramento em massa e/ou interessadas em pesquisa corporal. Não há necessidade que as interessadas tenham alguma ligação com a arte do corpo.
INSCRIÇÕES:
Período de Inscrição: de 18 a 28 de fevereiro de 2019.
Período de Realização do Núcleo na Escola Livre de Teatro de Santo André: Quartas-feiras – de 13 de março a 24 de junho de 2019.
Período de Realização do Núcleo no CRD – Centro de Referência da Dança da cidade de São Paulo: Sextas-feiras – de 15 de março a 28 de junho de 2019.
Inscrição: Enviar Carta de Interesse e Breve Currículo (quando possuir) para produç[email protected] com o título de: INSCRIÇÃO CORPÓREA – ESCOLA LIVRE DE TEATRO ou INSCRIÇÃO CORPÓREA – CENTRO DE REFERÊNCIA DA DANÇA, de acordo com o local em que deseja cursar o núcleo.
Processo Seletivo: O processo seletivo acontecerá em duas etapas. As pessoas pré-selecionadas na primeira etapa, por análise de currículo e carta de interesse, receberão no dia 08 de março um e-mail indicando que compareçam para a segunda etapa de seleção. A segunda etapa será realizada em cada um dos espaços, através de aula prática no primeiro dia de cada núcleo. Após esta última etapa, as pessoas selecionadas receberão e-mail confirmando sua participação efetiva no núcleo.

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