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Primeira pessoa: coletivo lança documentário sobre candomblé em São Paulo

30 de julho de 2018

Curta e publicação foram produzidos por aprendizes durante oficinas de audiovisual

Texto / Divulgação
Imagem / Agência Brasil

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“O candomblé é uma tradição baseada na oralidade dos mais velhos, que detém o saber. Nele, as tradições são passadas através das gerações e como não conseguimos parar o ciclo natural da vida, corremos o risco de não documentar todo o seu conhecimento quando eles morrem”, afirma Marcelo Morais, do Coletivo Patacori Audiovisual.

A necessidade de documentar estas histórias e saberes religiosos se torna ainda maior se os casos de intolerância religiosa forem levados em consideração. Entre 2011 e 2017, o Disque 100, portal de denúncias do Ministério dos Direitos Humanos registrou 1.988 notificações, sendo 559 delas contra religiões de matrizes africanas como a umbanda e o candomblé. Ou seja, 35,6% das denúncias no período são contra essas religiões. A suspeita é de que os casos são subnotificados, segundo a coordenação da pasta.

Marcelo Morais, do Coletivo Patacori, sustenta que a intolerância está baseada no desconhecimento sobre as religiões e suas práticas. “Só em contato com o diferente que vamos conseguir superar as diversas forma de opressão que estão postas”, afirma.

Audiovisual como difusor de informação

Por meio do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais – VAI 2017, da prefeitura de São Paulo, o Coletivo Patacori Audiovisual realizou oficinas de produção audiovisual para jovens negros e periféricos frequentadores de terreiros e espaços religiosos de matrizes africanas em janeiro deste ano.

As oficinas deram origem a dois minidocumentários e a uma publicação, que serão lançados em 3 de agosto, em São Paulo. Gravados pelos próprios aprendizes, o curta “Patacori” traz a proposta de ser um canal de informação ligados às tradições de matriz africana, de acordo com Morais, um dos organizadores das oficinas.

Por meio de ciclos de cultura, os participantes aprenderam a captar imagem, som, colher depoimentos e editar o material final. O método está atrelado ao próprio conceito de oralidade nos terreiros, já que “com a expansão da internet e a produção de conteúdos, temos o audiovisual como principal ferramenta de disseminação de ideias e pautas da população negra”, afirma Monique Lupi, membro do Coletivo Patacori.

Narrar a própria história

Capacitados para produzir vídeos e documentários, os jovens, que participaram das oficinas agora podem narrar suas próprias histórias e endossar o mercado audiovisual brasileiro.

De acordo com o levantamento “Diversidade de gênero e raça nos lançamentos brasileiros de 2016”, divulgado pela ANCINE, apenas 2,1% das produções do circuito comercial daquele ano foram dirigidas por homens negros. Além disso, 59,9% dos 142 roteiros analisados foram escritos por homens brancos e apenas 3,5% escrito por homens negros. Nenhum roteiro comercial foi escrito ou dirigido por uma mulher negra em 2016.

Em um país com 53,6% da população negra e apenas 13,4% de representação nas telonas, Felipe de Lara Campos, participante das oficinas, defende que “é preciso criar narrativas a partir do ponto de vista negro, potencializar trabalhos de pessoas negras e de periferia”

”Em um país essencialmente estruturado pelo racismo, o direito à vida é um privilégio. Se pensarmos no genocídio da juventude negra e periférica, conseguimos observar o tamanho da desproporcionalidade de realidades vivenciadas por jovens brancos e negros no Brasil.”

“O direito à narrativa da juventude negra se faz necessário para vocalizar nossa luta para que estejamos vivos, com equidade de raça, classe, gênero e liberdade religiosa”, resume Morais.

A publicação conta com poesias, histórias e contos de autoras como Jô Freitas, Thatá Alves, Anna Raquel, Webert Cruz, Priscila Preta, Marília Casaro e projeto gráfico de Luiz Matheus, com produção de Monique Lupi e Marcelo Morais.

Serviço

O lançamento dos curtas Patacori acontece no início de agosto, no dia 3 (sexta-feira), com coquetel de lançamento, distribuição da publicação e debate. A entrada é gratuita.

Data: 3 de agosto, às 19h
Onde: Alameda Nothmann, 1.135, Santa Cecília, São Paulo (Cia. da Revista)
Para mais informações, acesse: https://web.facebook.com/coletivo.patacori.audiovisual/

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