Personagem polêmica na história brasileira traz um novo olhar sobre a negritude
Texto / Juca Guimarães | Edição / Pedro Borges
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Em curta temporada, de sexta a domingo, a peça “Cartas à Madame Satã ou me desespero sem notícias suas “, da Cia, Os Crespos, participa das comemorações do mês da Consciência Negra, no Centro Cultural São Paulo.
Mesclando a força do gesto com a delicadeza do discurso, um homem negro se corresponde com a figura mítica de Madame Satã. Fragmentos de histórias revelam, através das cartas, trajetórias e casos de amor, numa cidade-país carregada de doenças, que mantém sob cárcere privado um jovem apaixonado.
Madame Satã foi uma mulher trans que, em sua época, desafiou questões de gênero e raça, pagando um preço alto por isso.
Conduzindo o monólogo com maestria, o ator Sidney Santiago busca a cumplicidade do espectador para tornar público uma afetividade cercada de tabus. Por vezes, ele brinca com a plateia olhando nos olhos do público.
“A peça é entrecortada por manifestos poéticos, através dos quais a encenação brinca com estereótipos e expõe diretamente questões políticas”, diz.
O monólogo é todo costurado por sambas que dialogam com a figura de Madame Satã e com um arquétipo sobre o negro, por essa figura reconstruído. Último espetáculo de uma trilogia denominada “Dos Desmanches Aos Sonhos”. Na qual a Cia Os Crespos investiga as relações entre afetividade, Negritude, gênero e o impacto da escravidão na nossa maneira de amar.
A peça é dirigida por Lucelia Sérgio, com dramaturgia de José Fernando de Azevedo e produzida por Sidney Santiago e Rafael Ferro.
Na sexta (15) e no sábado (16), o espetáculo começa às 21h. No domingo, o horário muda para 20h. Os ingressos são gratuitos e a distribuição começa uma hora antes do espetáculo. A censura é de 16 anos.
O Centro Cultural São Paulo fica na rua Vergueiro, 1.000, ao lado da estação Vergueiro do Metrô.
A Cia. Os Crespos existe desde 2004 e o espetáculo sobre a Madame Satã foi construído a partir de entrevistas com moradores da cidade de São Paulo. A peça é de 2014.