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55% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos, aponta Censo 2022

Novos dados divulgados pelo IBGE revelam que o maior aumento na autodeclaração racial foi da população preta, que cresceu 42,3% e passa a representar 10,2% do Brasil. No total, país tem 112,7 milhões de negros
Multidão no centro do Rio de Janeiro.

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

22 de dezembro de 2023

O Brasil ficou mais negro (ou mais racialmente consciente) desde 2010. Segundo o Censo 2022, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (22), 112.739.744 dos brasileiros se declaram pretos ou pardos. Com isso, a população negra passa a representar 55,52% do país.

O número de pessoas que se autodeclararam pretas cresceu 42,3% e passou de 14.517.961 (7,6% da população) para 20.656.458, ou seja, 10,2% do total dos brasileiros.

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A tendência já era observada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que observou que a população autodeclarada preta subiu para 10,6% em 2022.

A quantidade de pardos cresceu 11,9% e passou de 82.277.333 (43,1%) para 92.083.286 (45,3%), tornando-se a categoria racial com maior peso relativo na população brasileira.

Conforme divulgado em agosto, em publicação apenas sobre essa população, houve aumento de 89% da população indígena, de 896.917 (0,5%) para 1.694.836 (0,8%).

Paralelamente, reduziu em 3,1% o número de pessoas que se autodeclararam brancas, passando de 91.051.646 (47,7%) em 2010 para 88.252.121 (43,5%) em 2022. Mas a maior queda foi da proporção de amarelos, que caiu 59,2% desde o último Censo. Essa população passou de 2.084.288 (1,1%) para 850.130 (0,4%), retornando a patamares próximos aos encontrados nos censos de 1991 e 2000.

Essa redução se deveu, principalmente, a uma mudança na entrevista: segundo o IBGE, em 2022 os entrevistadores passaram a confirmar se as pessoas que se identificaram como amarela tinham ascendência oriental.

Apenas 11.119 pessoas não responderam a pergunta de cor ou raça em 2022, o equivalente a 0,005% da população.

Nordeste têm maior concentração de pretos

A Região com maior concentração de população preta é o Nordeste, com 13%, seguida do Sudeste, com 10,6%, ambas acima da proporção nacional da categoria.

O Sul apresenta o menor peso relativo da população preta, com 5,0%, seguido da Região Norte, com 8,8% e da Região Centro-Oeste, com 9,1%.

Os pardos são mais concentrados na Região Norte (67,2%), Nordeste (59,6%) e Centro-Oeste (52,4%). No Sudeste, a Regiões Sul e Sudeste apresentavam pesos relativos para este grupo abaixo do peso nacional, com 21,7% e 38,7%, respectivamente.

A Região Sul concentra o maior percentual de brancos, representando 72,6% da sua população. O Sudeste também tem maior concentração de brancos que a taxa nacional, com 49,9%.

A menor concentração de pessoas brancas está no Norte (20,7%), no Nordeste (26,7%) e no Centro-Oeste (37%).

Bahia é o estado mais preto, e o Rio Grande do Sul, o mais branco

O estado com maior proporção de pessoas pretas é a Bahia, com 22,4% de sua população. Em seguida, vem o Rio de Janeiro, com 16,2%, e o Tocantins, com 13,2%.

A menor proporção de pretos está em Santa Catarina, com 4,1%, seguida do Paraná, com 4,3%, e do Amazonas, com 4,9%.

A maior concentração de autodeclarados pardos está no Pará, com 69,9%. Em seguida, estão o Amazonas, com 68,8%, e o Maranhão, com 66,4%.

Os três estados da Região Sul apresentam os menores pesos relativos da população parda, destacando-se o Rio Grande do Sul, com 14,7%, e Santa Catarina, com 19,2%, únicos com menos de 30% de pardos.

O estado em que mais pessoas se autodeclaram brancas é o Rio Grande do Sul, com 78,4% de sua população nesta categoria. Em seguida, estão os outros dois estados da região Sul: Santa Catarina, com 76,3%, e Paraná com 64,6%.

As três unidades federativas com menor peso relativo de população branca na população são o Amazonas, com 18,4%, o Pará, com 19,3%, e a Bahia, com 19,6%.

A população indígena está concentrada em Roraima, com 15,4%, seguido do Amazonas, com 12,5%, e do Mato Grosso do Sul, com 4,2%. Rio de Janeiro e São Paulo têm a menor proporção de população indígena, ambos com 0,1%.

A maior proporção de amarelos está no estado de São Paulo, com 1,2%. Depois, vem o Paraná, com 0,9%, e Mato Grosso do Sul, com 0,7%. A maioria das unidades federativa tem menos de 0,2% de população amarela.

Cidade mais preta está no Maranhão

A cidade com maior proporção de pessoas pretas é o Serrano do Maranhão (MA), que dos 10.202 moradores do município, 58,5% se autodeclaram pretas e 55,7% são autodeclarados quilombolas.

Em seguida, vem Antônio Cardoso (BA), com 55,1% e Ouriçangas (BA) (52,8%).

Já o municípios com menos pretos é Charrua, no Rio Grande do Sul, com 0,29% assim autodeclarados. A cidade tem mais de 40% de autodeclarados indígenas. A imensa maioria de indígenas também está na quinta cidade menos preta — e a mais indígena: Uiramutã, em Roraima.

A maioria dos municípios com menor proporção de pretos está no estado de Santa Catarina.

A maior concentração de pardos está no município amazonense de Boa Vista do Ramos, conforme autodeclaração de 92,68% dos seus 23.785 habitantes. As cidades com essa característica estão concentradas principalmente no Amazonas, no Pará e no Maranhão.

Os municípios menos pardos coincidem, em sua maioria, com os mais brancos do Brasil, já que os dois grupos são os mais numerosos no total da população. O menos pardo é Morrinhos do Sul, no Rio Grande do Sul, com 1,69% de sua população se autodeclarando parda e também é a cidade mais branca do país.

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  • Camila Rodrigues da Silva

    Jornalista com mestrado em economia e formação em demografia. Editora e repórter, com quase 20 anos de experiência em redações da grande imprensa e de veículos independentes de comunicação. Atuo na cobertura de direitos humanos desde 2012.

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