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61% das vítimas de racismo no trabalho não denunciam por medo

Pesquisa divulgada pelo Infojobs neste mês de março aponta que 39% dos profissionais pretos e pardos já sofreram discriminação no ambiente de trabalho. Chefes são os que mais praticam o ato de racismo

Mulher negra usa uma máscara cirúrgica preta e veste uma camisa social branca enquanto digita algo no notebook.

Foto: Foto: Reprodução

31 de março de 2022

Após driblar as barreiras do racismo para ingressar no mercado de trabalho, as pessoas negras se deparam com a discriminação racial dentro das empresas também. Um novo levantamento divulgado pelo InfoJobs, empresa de tecnologia para recursos humanos, aponta que 39% dos profissionais pretos e pardos já foram discriminados no trabalho por causa da cor da pele. Destes, 61% tiveram medo de denunciar e omitiram a situação, 18% confrontaram a pessoa que cometeu o crime, 11% reportaram aos superiores e 10% compartilharam a situação com o RH ou outras pessoas.

Segundo a pesquisa realizada com 1.567 pessoas, os superiores, como gerentes e supervisores, são os que mais cometem racismo no trabalho. Eles aparecem em 48% dos casos. Em seguida, estão os colegas da mesma posição hierárquica, com 28%, e os subordinados correspondem a 23%.

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“O preconceito começa nos processos seletivos e vai muito além. Já trabalhei em uma empresa que precisava de um depoimento público e ao invés de me chamarem para falar da operação que eu coordenava, preferiram chamar uma backoffice, branca, loira e de olhos claros, que estava há pouco menos de seis meses na empresa”, conta Jefferson Silva, coordenador comercial do InfoJobs.

Em relação à omissão, o coordenador reforça a tendência de racismo apontada pela pesquisa, já que em sua opinião muitas empresas temem que casos de discriminação se tornem públicos.

“Hoje em dia, por exemplo, existem recursos, como o InfoJobs Advisor, onde as pessoas são livres para colocar avaliações e pontuar quais organizações promovem ou não a diversidade. É muito importante que as pessoas usem essas ferramentas”, defende.

Na percepção de 86% dos trabalhadores entrevistados para levantamento, existem preconceitos velados que atuam como barreiras externas para o crescimento profissional de pessoas negras.

Entre os respondentes da pesquisa, 59% trabalha ou já trabalhou com profissionais negros na liderança. Em contrapartida, apenas 10% já atuou em uma empresa com programas específicos para a contratação e desenvolvimento de profissionais negros, embora 88% acredite que esse tipo de ação é importante para apoiar a diversidade e inclusão corporativa.

LinkedIn é pressionado após excluir vaga prioritária para profissionais negros

Nos últimos dias, o LinkedIn foi notificado pelo Procon-SP (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor) por excluir o anúncio de uma vaga de trabalho que priorizava candidatos negros e indígenas. A ação movida pelas organizações Educafro, Frente Nacional Antirracista e Centro Santo Dias de Direitos Humanos pediu R$10 milhões em danos morais e coletivos.

A plataforma justificou a exclusão sob a alegação de que sua política de uso não permitia vagas que dessem preferência a qualquer candidato por características.

O posicionamento da empresa repercutiu mal na internet e no dia 29 de março a rede social de networking atualizou sua política de divulgação de vagas para dar às empresas autonomia para a criação de processos seletivos que visam reduzir os impactos do racismo no mercado de trabalho e priorizam grupos historicamente minorizados.

“Agradecemos o feedback que recebemos da nossa comunidade no Brasil. Fazer a coisa certa é importante e estamos comprometidos em continuar aprendendo e melhorando”, disse a rede social em comunicado.

Leia também: Como o Direito pode ser um aliado da luta antirracista?

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