Para falar sobre o fuzilamento de um carro familiar pelo Exército no Rio de Janeiro, o Alma Preta conversou com Monique Cruz, pesquisadora da área de Violência Institucional e Segurança Pública da ONG Justiça Global
Texto / Simone Freire
Imagem / Reprodução
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Foram 80 tiros, 10 militares do Exército e um carro fuzilado com uma família dentro. Evaldo dos Santos Rosa, um homem negro de 51 anos, morreu na hora, na frente da esposa e filho, em uma avenida de Guadalupe, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
O fato marcou mais um episódio que tomou e tem tomado todo o noticiário brasileiro desde domingo (7). Por outro lado, provocou apenas o silêncio do atual presidente Jair Bolsonaro (PSL), forte defensor do porte de armas no país.
Ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, bastou lamentar o caso e dizer que – abre aspas – estes fatos podem acontecer” – fecha aspas.
Para falar sobre o assunto, que levanta a discussão sobre a violência e racismo no país, o Alma Preta conversou com Monique Cruz, pesquisadora da área de Violência Institucional e Segurança Pública da ONG Justiça Global.
Para ela, embora trágico, a morte de Evaldo se soma a de muitas outras pessoas que foram vítimas de um processo de violência sistemático no estado.
“A gente vem periodicamente sofrendo este tipo de violência. Não foram só os 80 tiros, mas também os 110, foi também a Cláudia arrastada, foi também o Vitor Santiago, na Maré, em 2015. A gente tem um processo de militarização que é histórico no Rio de Janeiro”, diz.
Cruz também falou sobre como o discurso da violência ultrapassa o campo institucional e também se insere – não agora, mas há muito tempo – no campo social. Segundo ela, “Quando a gente elege governantes que tem abertamente o discurso de execuções de pessoas, a gente assume o risco de que estas coisas sejam mais frequentes ou piores”.
A pesquisadora enfatiza que este é apenas um dos graves problemas no Rio atualmente, que enfrenta as consequências das fortes chuvas que já desabrigaram dezenas de pessoas e deixaram 10 mortos.
Parafraseando o militante Douglas Belchior, um dos coordenadores da rede de cursinho populares Uneafro, ela reitera a necessidade de “conquistar corações e mentes” para superar o problema da segurança pública e do racismo no país.
Confira a entrevista na íntegra!