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“A luta antirracista não é só dos negros”, diz um dos organizadores da Marcha da Consciência

16 de novembro de 2018

Pedro Pêra explica que o dia 20 de novembro é um ato para rememorar e ressignificar a história do país

Texto / Aline Bernardes
Imagem / Alma Preta

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Um projeto de resistência contra o fascismo, pelo fim do genocídio e um pedido por liberdade religiosa são as principais reivindicações da 15º Marcha da Consciência Negra, que acontece na próxima terça-feira, dia 20 de novembro. A concentração será a partir das 13h, no vão livre do MASP, na Avenida Paulista.

Pedro Pêra, que faz parte do Levante Popular da Juventude, explica ao Alma Preta que alguns dos objetivos da Marcha da Consciência Negra é: dar um recado político para a população, denunciar o racismo velado e demarcar como os negros e negras são parte fundamental da construção do país.

“A pauta contra o racismo deflagra que esse problema é da sociedade e não só dos negros e uma luta antirracista precisa ser feita em unidade com a população” disse ele. Ainda afirmou que a intenção é também recuperar a memória do povo brasileiro, já que a história é contada a partir da visão do colonizador.

A advogada e uma das organizadoras da Marcha pelo coletivo Afronte, Paula Nunes, diz que esse dia é especial por lembrar das lideranças negras que morreram na luta pela liberdade, como Zumbi e Dandara, e as contemporâneas que morreram por lutar pela vida digna da população negra na sociedade atual, como Marielle Franco e Mestre Moa.

“Este ano é esperado que seja uma grande mobilização em memória do nosso povo, mas não só. Esse é o primeiro 20 de novembro pós-eleição de um presidente abertamente racista que prega o nosso extermínio” diz. Para ela, essa marcha é uma aliança da luta antifascista com a luta antirracista.

130 anos da abolição

Este ano completou-se 130 anos da abolição da escravatura no Brasil. Ao ser perguntada pelo Alma Preta como essa data traz um caráter ainda mais simbólico a marcha, a advogada explicou que diante da atual conjuntura é possível escancarar a falsa abolição.

“Os negros vivem as piores condições sociais, os piores índices socioeconômicos, de saúde, moradia e se antes o chicote estalava sobre nós, hoje as grades do cárcere e a bala da polícia nos atinge”, explica.

Para ela não existiu abolição plena da escravidão e reparação pelos anos de exploração.

“Nós temos pouco o que celebrar, esse momento precisa ser de luta. Lutar para não perder os direitos conquistados e o nosso povo para o cárcere ou a bala da PM. Precisamos resistir contra esse governo que não é só um projeto da burguesia contra nós, mas o recrudescimento dessa violência, um projeto que quer legalizar o nosso extermínio e é por isso que a palavra da marcha é resistência”, finaliza.

Pedro Pêra, por sua vez, pensa que nesses 130 anos escondeu-se a história dessas pessoas escravizadas e do legado e influência que deixaram na construção do Brasil.

“A nossa música tem influência africana, a nossa culinária, nosso dialeto e costumes, somos atravessados por esse povo”, afirmou. Desse modo, vê nessa data uma oportunidade de rememorar a parte constituidora da nação.

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